Iscte apresenta primeiro laboratório de visualização imersiva de arquivos históricos nacionais
O Iscte apresenta o primeiro laboratório de visualização imersiva e 3D de arquivos históricos nacionais. Um projeto que pretende digitalizar e disponibilizar ao público arquivos de organizações como o Instituto da Mobilidade e Transportes, o Ministério da Defesa Nacional e do projeto Ephemera, de José Pacheco Pereira.
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O Laboratório de Digitalização e Visualização Avançada de Dados vai ser apresentado segunda-feira, às 10 horas, em Lisboa, no Iscte - Conhecimento e Inovação (Edifício 4, Av. das Forças Armadas, 40). Anunciado como o acrónimo DAViD, da expressão em inglês "Data Advanced Visualization and Digitalization Laboratory", é considerado o primeiro laboratório de digitalização e visualização avançada do país.
"O DAViD Lab vai distinguir-se no panorama internacional por integrar numa única infraestrutura três processos essenciais: digitalização, processamento e visualização de dados", afirma Jorge Costa, vice-reitor do Iscte. "Esta abordagem abre caminho para diversas aplicações, como a digitalização multidimensional de acervos e coleções - públicas ou privadas -, e de fachadas e interiores de edifícios, bem como a sua disponibilização em acesso aberto", acrescentou, em comunicado enviado às redações.
O Iscte vai instalar scanners 2D e 3D, baseado em laser de alta precisão, câmaras para captura de geometria 3D, monitores táteis de alta resolução e sistemas de Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR). Estes "equipamentos avançados" permitirão a visualização interativa, multimodal e imersiva de dados, proporcionando experiências de utilizador que vão desde sistemas de AR e VR, a tecnologias biométricas baseadas no gesto, no olhar e no movimento.
O arquivo digital do DAViD Lab incluirá três formas de visualização: Remota, acessível ao público, a partir do site de cada instituição e do próprio laboratório do Iscte; Experiências imersivas, nas quais o público poderá ver os documentos e objetos em 3D; Em vídeos/filme com ambientes criados em Inteligência Artificial. "Será um marco na preservação e democratização do acesso a dados de interesse nacional", afirma Jorge Costa.
O Iscte está a finalizar as primeiras parcerias com entidades detentoras de grandes arquivos históricos, como o Ministério da Defesa Nacional, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) e o Ephemera, de José Pacheco Pereira. O DAViD é financiado por verbas europeias geridas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), tendo o Iscte apresentado uma candidatura de 1,7 milhões de euros no âmbito do programa Portugal 2030.
IMT vai apresentar documentos preservados desde o século XIX
Na assinatura do protocolo com o Iscte, o IMT vai apresentar documentos e objetos que não são vistos em público desde o século XIX. Casos de equipamentos de revisores de comboios no século XIX, os mapas originais de uma linha caminho de ferro entre Viseu e Chaves, que nunca foi construída, ou as plantas das estações de Coimbra e Viseu.
"A criação de um acervo digital, com os dois milhões de documentos e objetos do arquivo histórico ferroviário, pertencentes ao arquivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, contribui para a preservação deste património único", considera João Jesus Caetano, presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, em comunicado. No entender daquele responsável, com este protocolo o IMT "dá, assim, continuidade ao seu compromisso de preservação da memória coletiva, desenvolvendo uma estratégia de preservação, descrição e divulgação do riquíssimo património documental que tem à sua guarda."
No caso de historiadores, técnicos ou outros interessados quererem manusear os próprios documentos físicos e objetos que consultem digitalmente, poderão requisitá-los às entidades que os detêm e ter acesso a eles em instalações de que estas vão passar a dispor. No caso do acervo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, este poderá ser requisitado online e consultado pessoalmente nas instalações do IMT na Avenida Barbosa du Bocage, em Lisboa. "A investigação sobre a história dos caminhos-de-ferro em Portugal, dos seus progressos e obstáculos, é um elemento essencial para a produção de conhecimento científico sobre este setor", afirma João Jesus Caetano.
O arquivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes conserva documentação da criação da rodovia e da ferrovia em Portugal desde o século XIX, mas nunca foi aberto ao público. Desde que o IMT saiu da Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, para dar lugar ao edifício Iscte - Conhecimento e Inovação (onde vai ser instalado o DAViD Lab), que o arquivo foi depositado nos armazéns de uma empresa em Palmela que está a proceder ao processamento e catalogação dos documentos, equipamentos e objetos que o compõem. Terá 12 mil metros lineares de arquivo, dos quais se estima que 2500 metros lineares possuam valor histórico: destes, 1500 são relacionados com a ferrovia e mil com as estradas de Portugal.