Casal da Batalha teve de "apertar o cinto", quando a prestação da casa aumentou quase 200 euros.
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O aumento de quase 200 euros na prestação mensal do crédito à habitação obrigou Joana Carreira, 36 anos, e Alberto Freitas, 40 anos, a alterar vários hábitos para conseguirem pagar os cerca de 520 euros de empréstimo e as restantes despesas com os menos de dois mil euros que recebem por mês. Um deles foi cortar nas idas a restaurantes, substituídas por jantares em casa com amigos, em que cada um leva a sua refeição.
Empregada numa loja em Leiria, Joana Carreira conta, ao JN, que o aumento salarial do casal foi absorvido pela subida dos bens alimentares, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, e que tiveram de "apertar ainda mais o cinto" desde o agravamento da prestação da casa. "De repente, levámos um abanão e vamos levar outro em julho", afirma. "Falava-se em aumentos no valor dos empréstimos, mas nunca pensei que fosse tanto". Renegociar o valor em dívida ao banco é uma das possibilidades em cima da mesa, embora receie que não sejam bem sucedidos.
"O aumento do preço dos alimentos é um abuso. Escolho os mais baratos e, mesmo assim, a conta do supermercado é sempre elevada", garante Joana Carreira. "E perco mais tempo a comparar os preços do que a fazer as compras", explica.
Gelados e sumos passaram a integrar a lista só de vez em quando. "Na comida, não se pode cortar muito mais", assegura. Apesar disso, para reduzir as despesas, passou a levar o almoço de casa e a comer no local de trabalho. "Está tudo caríssimo. As diárias nos restaurantes eram a cinco euros. Agora, são a sete, 7,5 ou a oito euros."
Combustível também pesa
Como vivem na Golpilheira, na Batalha, e Alberto trabalha como técnico informático na Marinha Grande, o casal é obrigado a ter dois carros para se deslocar para o emprego e a percorrer cerca de 60 quilómetros por dia, o que também pesa no orçamento mensal, sobretudo devido à instabilidade e ao aumento dos preços dos combustíveis. "Dantes, abastecíamos com 50 euros. Agora já não dá", justifica. Os passeios também passaram, por isso, a ser raros e as férias terão de ser num destino mais económico.
"Há um ano, tínhamos mais folga financeira, e conseguimos fazer um pé de meia", recorda Joana Carreira.
Contudo, com o aumento da inflação e das prestações dos empréstimos bancários, o dinheiro que o casal conseguiu pôr de parte terá de ser aplicado de uma forma mais criteriosa, como, por exemplo, em despesas de oficina ou na compra de um eletrodoméstico que se avarie. "Rezo para que não aconteça, porque está tudo um balúrdio", confessa. "A verdade é que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres... Até a classe média vai ficando mais pobre".