Jorge Ascenção é candidato à Câmara de Gondomar pela coligação PSD/CDS. Assume-se como "cidadão interventivo" e critica "estagnação" do concelho.
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Jorge Ascenção está de saída da Confederação Nacional das Associações de Pais e até poderia pensar em reformar-se. Mas não foi capaz de dizer que não ao convite do PSD para encabeçar a candidatura do partido à Câmara de Gondomar, em coligação com o CDS. Até porque o seu princípio de vida é "fazer parte da mudança".
Como é que um independente, que nunca foi militante de nenhum partido, aceitou o convite do PSD?
De forma natural. Continuo a ser independente, mas sou um cidadão com intervenção cívica. Enquanto cidadão interventivo, entendi que devia dizer sim. Tenho como princípio de vida fazer parte da mudança.
Qual a sua relação com o concelho de Gondomar?
Nasci, vivi e vivo em Gondomar há 58 anos. Nasci em Fânzeres, vivi durante dez anos após o casamento em Rio Tinto, mas voltei para Fânzeres.
Somos um dos concelhos com os impostos mais elevados da AMP
Que problemas tem o concelho?
Temos várias questões. Procuro uma intervenção ao nível social, ambiental e também da economia. Somos um dos concelhos mais envelhecidos da Área Metropolitana do Porto, com os impostos mais elevados, como o IMI, com o rendimento per capita mais baixo. Há aqui um paradoxo de qualidade de vida que precisa de ser revisto. Não podemos, segundo disse o atual Executivo, ser apenas um dormitório de qualidade do Porto, nem nos podemos conformar por não ter uma Torre dos Clérigos. É preciso potenciar aquilo que são as nossas características naturais. Os idosos precisam de viver todos os dias com dignidade e qualidade de vida. Há também as questões dos transportes e da mobilidade verde, que foi sempre prometida nestes últimos anos e nunca concretizada, como o metro. Temos um orçamento que foi executado em pouco mais de 60%, em dois anos de imensas dificuldades para as famílias. Havia margem para dar mais apoio à classe média tão fustigada por estes tempos. E nem houve sequer a devolução do IRS.
O PSD e o CDS dizem que "Gondomar está "estagnado". Também é assim que vê o concelho?
Sim. O concelho está na cauda da Área Metropolitana do Porto e até do país. E temos muitas potencialidades. Estamos muito estagnados naquilo que é a qualidade de vida. Se quisermos um pouco de lazer temos de ir para os concelhos vizinhos.
Temos um orçamento que foi executado em pouco mais de 60%
Os parques urbanos não vieram colmatar isso?
Os parques urbanos são pouco mais que jardins. São sete e se fizermos as contas devemos ter ali mais de 20 milhões de euros. As opções estratégicas de investimento poderiam ser outras, sem prejuízo dos cidadãos.
Onde investiria esses 20 milhões de euros?
Poderia fazer um parque digno desse nome, poderíamos com menos dar esta novidade da natureza e apostar na coesão social. Precisamos de equilibrar o investimento por todo o concelho. Em Rio Tinto, o parque urbano prejudicou a atividade económica da feira, sem condições para se desenvolver de forma adequada.
O que será um bom resultado para o PSD?
Se não for a vitória, não será um bom resultado.
Se não vencer, assumirá o cargo como vereador?
Sou um homem de compromissos e, por isso, terei de assumir esse papel.
Perfil
Natural de Fânzeres, é gestor financeiro de formação. Jorge Ascenção está de saída da Confederação Nacional de Associações de Pais (CONFAP), uma vez que já não tem filhos a estudar no Ensino Básico ou Secundário. Assumiu a vice-presidência da CONFAP em 2011, tendo chegado à presidência dois anos depois. Foi eleito pela última vez em 2019.
Idade: 58 anos
Profissão: Gestor financeiro
Residência: Fânzeres, Gondomar
Família: Casado, com três filhos de 20, 27 e 31 anos
Melhor
Extensa margem do rio Douro
Capital humano feito com gente simpática e acolhedora, que precisa de ser incentivada
Pior
Carga de impostos muito alta
Preço da água