José Magalhães apresenta-se como candidato da CDU à câmara de Santo Tirso. Emprego qualificado e habitação são prioridades assumidas.
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José Magalhães trabalha num "call center" e, na apresentação da candidatura à Câmara de Santo Tirso pela CDU, assumiu que tem um trabalho precário e abaixo das suas qualificações - é formado em Psicologia -, dando o próprio exemplo para alertar para a falta de emprego qualificado. Outra das bandeiras do candidato comunista é a habitação acessível, uma lacuna no concelho que também confessou publicamente ter sentido na primeira pessoa, quando procurava casa para arrendar. Foi candidato à União de Freguesias de Santo Tirso em 2017, e diz que eleger-se como vereador seria uma vitória.
O que lhe merece nota positiva e nota negativa na atual gestão autárquica?
Nos últimos anos, a Câmara tem feito crescer o emprego, e essa é uma nota positiva. Como pontos negativos apontaria o saneamento, porque falta cobrir boa parte do concelho. Poucas freguesias têm saneamento na totalidade. E há a questão da água, que é das mais caras do país. O presidente da Câmara anunciou que ia fazer o resgate da concessão à Indaqua, mas pelos vistos não irá avançar com isso, e sim com uma renegociação. Na nossa opinião, devia ser feito o resgate e a água devia estar no domínio público. Outra questão é os transportes, que faltam nas freguesias periféricas.
Como avalia as políticas do município na área do emprego?
Tem-se gerado algum emprego, embora pouco qualificado. Falta atrair emprego mais qualificado. A própria Câmara deveria dotar-se de mais recursos humanos para as suas funções. Aliás, parece que tem orgulho em ter poucos recursos humanos contratados, mas na verdade eram precisos mais para atender às necessidades do concelho.
Mostra-se preocupado com a falta de habitação acessível. O que pode ser feito nesta área?
É uma das nossas principais preocupações, e a solução passa por a Câmara intervir no mercado de forma a disponibilizar casas com arrendamento acessível, através da compra de imóveis ou até da construção para habitação pública. Há pouca oferta. Aliás, no mercado de arrendamento praticamente não existe, e, havendo pouco, os preços são altamente especulativos, com rendas muito altas. Mesmo para venda são preços elevados, e também não há muita oferta. Para fixar pessoas, tem de ser através do mercado de arrendamento.
Nota que há pouca fixação de população no concelho por causa desse problema?
A população está a diminuir há já alguns anos. Nos últimos 10 anos, a taxa de envelhecimento duplicou. Tínhamos cerca de 100 idosos por cada 100 jovens, e atualmente temos mais de 200 idosos por cada 100 jovens. É preciso contrariar isto, e a habitação é uma das medidas para atrair e fixar gente. As pessoas da minha geração vêm-se obrigadas a ir morar para concelhos vizinhos porque não encontram habitação cá.
Que outras prioridades tem?
Destaco também a cultura. Acho que a Câmara faz uma programação cultural um pouco desfasada dos criadores do concelho. A nível das freguesias, a vida cultural é quase inexistente, e a Câmara poderia ter um papel nisso. Há uma assimetria muito grande entre o centro e a periferia. Outro ponto a destacar é o desporto. Achamos que fazem falta mais espaços desportivos nas freguesias periféricas.
Eleger um vereador seria já uma vitória?
Seria uma vitória, sem dúvida. Não elegemos um vereador há alguns anos, e seria um grande passo.