Projeto piloto na Covilhã para que os mais novos sejam os agentes da mudança de mentalidade.
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Transformar as escolas em centros de literacia da mobilidade e das alterações climáticas é uma das missões do projeto piloto que a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) vai trabalhar com a Covilhã, que terá a primeira “Escola Hub da Mobilidade Sustentável”. A ideia é replicar em todo o país. O anúncio foi feito esta terça-feira pela presidente da AMT, Ana Paula Vitorino, na conferência “Desafios da Mobilidade em Territórios de Baixa Densidade”, que organizou com o Município da Covilhã e a Universidade da Beira Interior, reunindo especialistas destes territórios e autarcas, que foram apanhando o comboio que partiu de Lisboa rumo à cidade neve, regressando do mesmo modo.
“Temos de encarar estas matérias como há alguns anos fizemos com o lixo, como temos feito com a limpeza dos oceanos”, sem descurar “o desafio ambiental, que não pode ficar na gaveta”, afirmou Ana Paula Vitorino.
Os territórios “com povoamento disperso e fraca ou inexistente oferta de transporte são duplamente penalizados”, acrescentou a presidente da AMT, lembrando que a cobertura geográfica de serviços rodoviários estão concentrados na faixa litoral. O desafio é saber “como inverter a situação e quais as fontes de financiamento”.
Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade, respondeu, anunciando 360 milhões de euros, em 2024, para o programa “Incentivo a Mais Transporte Público”, que “dará maior responsabilidade e maior previsibilidade nas verbas às Comunidades Intermunicipais e Áreas Metropolitanas”. Acredita que desta forma dará “um incremento aos territórios onde esta taxa de utilização do transporte público é inferior à média nacional, incentivando o seu uso”.
Ana Paula Vitorino acrescentou que à tradicional rede de transportes públicos (ferroviário, rodoviário ou fluvial) nos territórios de baixa densidade, “há que considerar o transporte a pedido, o transporte flexível e as soluções partilhadas”.
Passes a 40... e a 120 euros
O autarca da Covilhã, Vítor Pereira, contrapôs os mais de 120 euros do passe mensal individual entre São Jorge da Beira (freguesia mais a sul no limite do concelho) e a Covilhã, cerca de 48 quilómetros (com exceção dos estudantes a quem a autarquia instituiu passes gratuitos) com o passe mensal de 40 euros (por agregado familiar) para quem faz o percurso de 80 quilómetros entre Sesimbra e Mafra. “Será justo? Como podemos falar de equidade e coesão territorial com desigualdades tão flagrantes?”, questionou.