A Kirchhoff Automotive Portugal dispensou uma centena de trabalhadores temporários, no total das unidades de Ovar e de Cucujães, em Oliveira de Azeméis.
Corpo do artigo
12027156
Mas alerta que os funcionários não tinham contrato com a fábrica, mas sim com a Randstad, empresa de recrutamento de pessoal e que a cessação da colaboração se deve ao facto de as suas fábricas estarem "completamente encerradas".
"Não fizemos nenhum despedimento porque os trabalhadores temporários estavam ligados à empresa Randstad, não eram trabalhadores nossos. As suas missões profissionais, de facto, tiveram que terminar, porque as nossas fábricas estão completamente encerradas", sublinhou António Rosas, diretor dos Recursos Humanos da Kirchhoff.
A denúncia do despedimento dos precários na Kirchhoff foi feita pelo Bloco de Esquerda, que alertou que a empresa "está a despedir todos os temporários, inclusive os que estão neste momento ao abrigo das medidas especiais de assistência à família". O BE acrescentou que "as empresas, principalmente as desta dimensão, têm de ser chamadas à responsabilidade e não devem poder despedir".
12027449
Em reação, o diretor dos Recursos Humanos da Kirchhoff refere que "vivemos na contingência de ter que cessar a colaboração de temporários". "Comunicámos isso à entidade empregadora, que é a Randstad, sendo certo que suportámos todos os nossos deveres".
Nas duas unidades, adianta, a empresa tem cerca de 500 trabalhadores. "Não despedimos nenhum", refere Rosas, que esclarece que a cerca sanitária de Ovar, implementada a 18 de março, obrigou a fábrica a encerrar "prematuramente". "Foi de um dia para o outro. Sem as peças de Ovar, a unidade de Cucujães não funciona simplesmente". Além disso, afirma, a indústria automóvel está a enfrentar um desafio: "Está tudo a parar como um baralho de cartas, devido à falta de encomendas e à paragem de toda a cadeia de abastecimento. Há marcas a parar a nível europeu".
António Rosas admite que a empresa está a equacionar recorrer ao lay-off, mas que ainda está a aguardar pelas medidas pensadas para as empresas no âmbito da renovação do estado de calamidade de Ovar. E remata: "Enviámos a todos os trabalhadores, incluindo os temporários, uma nota de agradecimento e um certificado de excelência pelo trabalho que prestaram para nós. É uma nota de até já, porque temos forte esperança na retoma".
De acordo com o Bloco de Esquerda, "o Governo tem dito que o não despedimento é um requisito essencial para que as empresas possam aceder ao regime de lay-off simplificado, no entanto, muitas empresas estão a utilizar uma artimanha que a Kirchhoff está a repetir: despede preventivamente os trabalhadores mais precários e depois recorre ao lay-off". Em comunicado, o partido diz que "é necessário proibir os despedimentos imediatamente, só assim se consegue evitar o aproveitamento que está a ser feito por algumas empresas, para literalmente se livrarem dos trabalhadores".