Lançado guia que ajuda a desenhar “viagens de autor” pelo Norte de Portugal e Galiza

A plataforma disponibiliza informação sobre cultura e festas, termalismo, mercados e feiras, gastronomia, desporto, património e natureza, dos 41 municípios portugueses e galegos que integram o Eixo Atlântico.

Os responsáveis daquela entidade defendem o desenvolvimento de um modelo turístico "sustentável e de excelência", tendo como público-alvo os cerca de 10 milhões de habitantes da própria euro-região e regiões vizinhas, como alternativa ao turismo de massas que já afeta cidades como o Porto e Santiago de Compostela.

"Fazemos aqui a primeira apresentação de algo totalmente novo e escolhemos Viana do Castelo, não só porque tem a presidência do Eixo, mas porque é uma das nossas referências em matéria de turismo sustentável e não de turismo massivo, que no final aumenta os números, não deixa lucro (...) e estraga a vida das cidades", declarou Xoan Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira no Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa, referindo, a titulo de exemplo, que "este verão várias cidades espanholas como Maiorca e Barcelona, se manifestaram contra o turismo massivo porque altera a vida das cidades".

"Apostamos clara e nitidamente num turismo de excelência, que não é um turismo caro, mas de excelência", sublinhou Xoan Mao, indicando que, neste âmbito, aquela associação de municípios transfronteiriça está a trabalhar "conceitos novos, comercialização e promoção", sendo que um dos novos conceitos passa pelo "turismo de autor". "É como a cozinha de autor. É um turismo que se pode fazer para grupos pequenos, família, um grupo de amigos, escolhendo exatamente o que querem ver, como querem viver o país, porque no outro turismo [de massas], o que vêm é o que os operadores turísticos vendem", justificou Xoan Mao, defendendo: "Queremos que a gente venha, descubra o país, o território, almoce onde queira e ver a realidade, coisas que não são mostradas, e não só o que mostram os operadores".

Outro conceito que o Eixo Atlântico quer promover é o "turismo policentrico", em que o visitante percorre vários municípios numa só viagem. "Somos um conjunto que se for valorizado, temos mais que muitas das cidades mais turísticas da Europa", defende o secretário-geral, explicando: "Quando fizemos o relatório de tudo o que temos, até nós ficamos impressionados: património, territórios património da humanidade, enologia, gastronomia, arqueologia, cultura, à distância de meia hora, que é menos do que leva atravessar Lisboa ou Madrid".

As viagens personalizadas ao Norte de Portugal e Galiza, defendeu Xoan Mao, destinam-se principalmente à própria população destas regiões e do seu entorno. "Os sete milhões de habitantes da euro-região, mais os três milhões das regiões vizinhas, durante 52 fins de semana do ano, constituem um importante nicho de negócio para o turismo de proximidade", disse, acrescentando que o guia que será permanentemente atualizado pelos municípios, também terá uma edição em inglês destinada ao turista estrangeiro, em especial peregrinos do Caminho de Santiago.

O presidente do Eixo Atlântico e autarca de Viana do Castelo, Luis Nobre, destacou a componente de inovação do guia que os agentes turísticos podem "ver como uma ferramenta de trabalho", e que pode "dar oportunidade aos turistas de visitarem o território e serem implantados positivamente por ele, voltarem e influenciarem outros a voltar". "Não há mais assertiva, mais racional de se trabalhar um território, uma associação que agrega dois países diferentes, do que atender aos desafios e construir soluções que permitam trazer ao turismo uma verdadeira plataforma democrática", declarou, aludindo ao facto do novo guia permitir aos turistas planear as suas viagens e usufruir de "experiências únicas na eurorregião" conforme a sua vontade.