Assinatura da escritura realiza-se na próxima terça-feira na livraria centenária, no Porto.
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Será na véspera de São João que ocorrerá a assinatura da escritura de compra do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, adquirido em hasta pública, em maio do ano passado, pela Livraria Lello. A centenária sala de espetáculos foi classificada como monumento de interesse público em janeiro e o novo proprietário garante que irá se manter como tal, nomeadamente dedicada ao teatro popular.
O Sá da Bandeira "é o mais antigo e um dos mais belos teatros da cidade, que retoma agora um caminho no sentido da qualificação da sua oferta cultural a todos os cidadãos e visitantes do Porto", afirma a empresa ao anunciar a cerimónia que contará com as principais figuras da vida política e cultural da cidade.
A assinatura da escritura estava para ter ocorrido em março mas teve de ser adiada devido à pandemia do novo coronavírus. "Queremos agora, numa altura em que temos a livraria com entradas gratuitas, aproveitar para juntamente com o teatro fazer uma abertura da empresa à cidade e aos portuenses", afirmou ao JN fonte da empresa.
Recorde-se que a Lello pagou 3,5 milhões de euros pelo histórico imóvel numa hasta pública de onde saiu derrotado o antigo selecionador nacional, António Oliveira, proprietário da Brasileira situada mesmo em frente à sala de teatro, que voltou a reabrir portas embora esteja com a venda limitada de bilhetes e os condicionalismos recomendados pela Direção-Geral de Saúde (DGS).
O teatro é a mais antiga sala de espetáculos do Porto e tem uma capacidade para 786 pessoas. Foi inaugurado, na central Rua de Sá da Bandeira, em 1846, e foi o local da primeira exibição de um filme português, de Aurélio Paz dos Reis. Ainda no Século XIX recebeu as maiores estrelas do teatro mundial, entre as quais Sarah Bernhardt. A sala tem ainda, ao longo dos anos, sido palco de inúmeras peças de teatro de revista oriundas do Parque Mayer, em Lisboa. Cantores portugueses e estrangeiros e fadistas, como Amália Rodrigues, cantaram ali.
Em junho de 2017, a Câmara do Porto comprou o teatro por 2,1 milhões de euros aos cerca de 60 proprietários do espaço, herdeiros de cinco famílias, mas decidiu vender o teatro em hasta pública pelo valor base de licitação de 2,190 milhões de euros.
O comprador foi a centenária Livraria Lello, situada na Rua das Carmelitas, no Porto, que até 2015 teve entrada gratuita. A partir dessa altura, começaram a ser vendidos bilhetes de três euros para visitar a loja, representando uma média de 10 mil euros de receita por dia.
Antes da pandemia do novo coronavírus a entrada custava cinco euros por pessoa, valor que era descontado na compra de um livro. Até ao final deste mês as visitas são gratuitas. De referir que a Lello adquiriu em 2016 os Armazéns do Castelo, ao lado da loja, e renovou o espaço. Além da venda de produtos feitos em Portugal, os armazéns têm também lugar para exposições.