Lello e Câmara ainda analisam relatório de inspeção ao teatro. Prioridade dos donos tem sido garantir sustentabilidade da histórica livraria.
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Nove meses depois da assinatura da escritura de compra do Teatro Sá da Bandeira, o projeto de reabilitação anunciado pela Lello, que comprou o emblemático edifício na Baixa do Porto por 3,5 milhões de euros, ainda não avançou. Por enquanto, continua em análise pelos proprietários e pela Câmara o relatório da inspeção efetuada às condições estruturais do imóvel. A pandemia atrasou o processo de requalificação e de implementação de um "programa cultural, contemporâneo e atrativo", uma vez que, segundo a Lello admite, a prioridade tem sido a sustentabilidade da histórica livraria na Rua das Carmelitas.
A inspeção ao edifício foi "executada por peritos de especialidades várias, a fim de determinar o estado de conservação e as condições de segurança", esclarece a Lello, garantindo que o seguimento do projeto está a ser feito "com todo o cuidado e carinho".
"Oportunamente, falaremos com mais detalhe quer sobre esse relatório [da inspeção ao edifício], quer sobretudo do projeto que temos para o Teatro Sá da Bandeira", acrescenta, reiterando que a principal preocupação é "o resgate deste património e a sua efetiva devolução à cidade".
"Mesmo quando a conjuntura põe à prova a nossa capacidade de resiliência e recuperação, também económica, assumimos por inteiro este avultado investimento naquele que é querido por todos os portuenses como uma verdadeira joia e reconhecido ícone patrimonial, cultural e por isso, também com elevado potencial turístico junto daqueles que nos visitam e de nós gostam", afirma.
No leilão de venda do espaço, em maio de 2019, os representantes da Lello disputaram o teatro com o antigo jogador e selecionador de futebol António Oliveira, proprietário de "A Brasileira", localizado em frente ao teatro, e atual candidato do PSD à Câmara de Gaia.
Classificado como monumento de interesse público e entidade de interesse histórico e cultural ou social local, o Sá da Bandeira só pode ser usado como sala de espetáculos.
Regresso da equipa
A grande aposta dos últimos tempos da Lello tem sido a preservação da livraria centenária da Rua das Carmelitas, também afetada pela crise causada pela pandemia.
"Estamos agora ainda mais focados em cuidar da Livraria Lello e dos seus colaboradores, na reabertura que fizemos pós segundo confinamento, e em garantir o bom regresso da equipa que constrói a Livraria todos os dias, porque só assim garantimos um regresso também feliz dos nossos visitantes e leitores", reforça.
600 lugares (plateia, tribuna e primeiro balcão) é a capacidade da sala de espetáculos do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, inaugurado há 144 anos.