Sucesso fulgurante de trotinetas gerou quebra-cabeças citadino em Lisboa. A EMEL reviu a regulamentação e a Polícia Municipal já apreendeu milhares de veículos. De nove operadoras pioneiras, sobram sete.
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Chegaram e instalaram-se como um fenómeno das grandes metrópoles, vistas como alternativa verde. As trotinetas elétricas partilhadas também invadiram Lisboa. Ao fim de um ano, o que foi um sucesso urbano rapidamente se tornou num quebra-cabeças para as autoridades. A EMEL e a Polícia Municipal apreenderam milhares daqueles veículos. Das nove operadoras, três desistiram.
Hoje, há sete operadoras na capital e estima-se que circulem pela cidade cerca de cinco mil veículos, um meio de deslocação muito popular, mas também motivo de queixas, sobretudo de quem esbarra neles nas zonas pedonais e até no meio das ruas.
Também chegou a ser comum encontrar muitos veículos vandalizados. Alguns chegaram a ser atirados ao rio Tejo. Outros pendurados em árvores. A Câmara apertou a fiscalização em fevereiro, tendo a Polícia Municipal apreendido 2200 trotinetas. Os fenómenos de vandalismo, segundo a Câmara de Lisboa, "são normais" no início do funcionamento de qualquer sistema partilhado. Hoje, só acontecem "situações pontuais".
A operadora Lime foi a primeira a circular, em outubro de 2018. Tem mais de mil trotinetas na capital. Realizou 1,8 milhões de viagens e mais de dois milhões de quilómetros. Em menos de um ano, juntaram-se outras oito plataformas (Voi, Circ, Bird, Hive, Tier, Bungo, Wind e Frog). Entretanto, três desistiram do mercado português - Wind, Tier e Bungo - e entrou uma nova. A Uber lançou a semana passada mais 200 trotinetas e promete "aumentar a frota gradualmente, acompanhando os padrões de procura".
Adaptação "sem caos"
Entre fevereiro e junho deste ano, a Polícia Municipal cobrou mais de 17 mil euros em coimas por veículos mal estacionados. Os problemas causados por esta nova forma de mobilidade demoraram, porém, a mitigar-se, tendo sido necessário aumentar a fiscalização da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL).
Apesar de haver centenas de denúncias de trotinetas indevidamente paradas na via pública, fonte do gabinete do vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, garante que a cidade "nunca esteve numa situação de caos" e que "houve um período de adaptação das pessoas ao novo meio de transporte".
"Houve fenómenos de vandalismo, o que é normal no início do funcionamento de qualquer sistema partilhado. Hoje, há questões pontuais, como há com outros veículos. E é normal que haja trotinetas no chão, basta que haja vento", desvaloriza.
Diz ainda que a Câmara se preocupou em fiscalizar desde o início, através da Polícia Municipal, e que a EMEL veio complementar o trabalho. "Isto são fenómenos novos e as cidades têm de se habituar. Lisboa foi das primeiras a ter este tipo de veículos e o que fizemos, ao contrário de outros - que tentaram bloquear este tipo de mobilidade - foi impor mais regras que permitissem controlar-lhe o funcionamento sem as excluir", esclarece.
A saber
Fiscalização
A Assembleia de Freguesia de Santa Maria Maior aprovou, em julho, um regulamento para fiscalizar o estacionamento de trotinetas. A Câmara de Lisboa implementou também zonas de estacionamento proibido.
Estacionamento
Para combater os estacionamentos indevidos, a plataforma Uber assinala na aplicação com um "P" e uma área a azul indicando onde devem ser estacionadas. A operadora cobra ainda uma taxa de serviço, no valor de 15 euros, caso o estacionamento não seja efetuado de forma correta. A Patrulha Lime tem uma equipa que vigia as principais artérias.