Lista alternativa à direção da Caixa Agrícola do Alto Douro quer suspender eleições
Marcadas para o próximo dia 28, as eleições para os órgãos sociais e estatutários da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Douro estão longe dos processos consensuais de outros anos.
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A lista alternativa à direção atual, liderada por Paulo Martins, presidente do conselho de administração, recandidato ao cargo, interpôs uma providência cautelar no Tribunal de Bragança com vista à imediata suspensão do ato eleitoral e a anulação do processo eleitoral, pois defende que as eleições devem decorrer durante uma assembleia eleitoral própria, e não como um dos pontos da Ordem de Trabalhos de uma assembleia-geral convocada para a próxima terça-feira.
Jorge Nunes, candidato a presidente do conselho superior, diz que há incumprimento dos estatutos e do regulamento eleitoral. "Isso é matéria suficiente para considerar que da parte da administração não há transparência no ato, não há respeito pelos associados, não há disponibilidade para o escrutínio da gestão. Os donos do banco têm a obrigação de, pelo menos num processo eleitoral, prestar contas, mas percebemos que os associados nem sequer participam nas assembleias", defende.
A candidatura alternativa "foi travada administrativamente", garante Jorge Nunes. "Manifestámos a nossa disponibilidade através de uma candidatura, cujo percurso é travado de forma ilegal por parte da administração e órgãos que controla", salientou.
Um dos subscritores da lista alternativa à atual presidência, Abreu Lima, vice-presidente da CAP em representação dos agricultores da região, explica em comunicado que pela primeira vez surge uma candidatura apoiada por cerca de 900 associados e alternativa às dos três atuais administradores e que pela primeira vez se quebra o paradigma da lista única. Nas últimas eleições votaram apenas 70 associados, num universo de 14 mil.
Os associados estão ainda a reivindicar informação, nomeadamente os relatórios de avaliação que, segundo dizem, deviam ter sido apresentados até ao 35º dia anterior ao 1º dia do mês em que se realizam as eleições, ou seja, até 27 de outubro, mas só terá sido apresentados a 24 de novembro ao presidente da mesa da assembleia-geral. "Para lá de todo o processo eleitoral, acresce que a assembleia que está convocada para dia 28, que envolve a apresentação do plano de atividades e orçamento para 2022, alterações de estatutos, toda a documentação deve estar disponibilizada para os sócios poderem analisar, refletir e comparar com planos anteriores", explicou Jorge Nunes que admitiu não ter certeza se a candidatura foi ou não aceite.
O atual presidente do Conselho de Administração Caixa Agrícola do Alto Douro, Paulo Martins, escusou-se a comentar as declarações dos membros da lista opositora, mas refuta as considerações expressas que considera "terem como único objetivo prejudicar o normal decurso do processo eleitoral" e que a lista por si liderada "não quer influenciar o processo em curso".
Paulo Martins confirmou ainda que está em curso o processo eleitoral para triénio 2022-2024 e que foram apresentadas duas listas "que ainda se encontram em avaliação pela competente comissão de avaliação".