O aumento dos turistas trouxe de volta o movimento aos estabelecimentos de recordações.
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Quem caminhar pelas ruas do Porto facilmente constata o que salta à vista de todos: o turismo em massa está de volta em força. E com ele o movimento das lojas de recordações, onde (quase) tudo relacionado com a cidade se vende.
Os comerciantes do ramo confirmam que os piores dias ficaram para trás e regozijam-se com o retorno da azáfama do antigamente, que a pandemia destruiu e fez temer pelo futuro. Mas com os visitantes de novo em grande no Porto, há razão para sorrir. "O negócio recuperou mais de 50%", confirma Habebur Rohaman, do Bazar Bangla, situado em local privilegiado, mesmo em frente à Estação de São Bento, onde todos os dias desaguam multidões de estrangeiros das mais variadas nacionalidades. Chamarizes para compras que agora se vão fazendo com mais frequência. "O impacto do turismo é bem evidente", acrescenta o lojista.
Descendo poucos metros em direção à Rua das Flores, onde abundam estabelecimentos que se dedicam à venda de recordações, a presença de turistas evidencia-se. Enchem o percurso pedonal, espreitam as montras, entram nas lojas, passeiam-se por elas, tocam no que os expositores mostram, perguntam preços, deixam-se convencer a levar algo como recordação para o país de origem.
"Nota-se que têm mais vontade de comprar, sobretudo norte-americanos, franceses e alemães. Portugueses nem por isso", conta Liliana Barros, da Portugalidades. "A retoma começou a sentir-se lentamente desde a Páscoa. O volume já atinge os níveis pré-pandemia", acrescenta.
O mesmo confirma Sandra Araújo, da loja Memórias. "Passo a passo e sem pressas as coisas vão voltando à normalidade. Mas é preciso não esquecer que a pandemia não está totalmente ultrapassada, que há uma guerra em curso na Europa e uma crise social evidente", aponta. "De qualquer forma, os turistas vieram dar nova vida ao comércio. Se bem que não façam, pelo menos para já, compras em valores tão elevados como dantes", descreve.
Melhoria imensa
Quase em frente, a Toranja Criativa aposta em artistas portugueses, tudo o que vende é nacional. A trabalhar há um ano no estabelecimento, Thiago Cunha vê diferenças claras. "Em relação ao verão passado nota-se uma melhoria imensa. Na altura, praticamente ninguém entrava na loja, agora é bem diferente com a faturação a confirmar isso mesmo. O turismo veio dar uma ajuda enorme", destaca. "O único senão é que os clientes entram, veem mas compram pouco", assinala, por sua vez, Sandra Soares, da loja Tradições.
É o ponto final num período em que as lojas direcionadas essencialmente aos muitos turistas que visitavam o Porto praticamente deixaram de ter razão de existir por falta de destinatários do grosso das vendas.