Porto e Gaia com taxa de ocupação de 90% no centro das cidades. Nas zonas ribeirinhas, desce para 80%. Estrangeiros são muitos, mas ainda assim aquém da expectativa de alguns. Restaurantes receiam a chuva.
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As entradas dos hotéis no Porto preenchem-se com as malas de quem já chegou para festejar o São João e os restaurantes da cidade fazem figas para que a chuva não mande os clientes para casa na noite da festa. As taxas de ocupação nos hotéis da cidade estão em alta, mas há casos em que o número de reservas para esta noite ainda está aquém das expectativas. Por isso, a esperança recai nas eventuais reservas de última hora. Para já, quem mais procura o Porto por esta altura, de acordo com os operadores turísticos, são espanhóis, brasileiros e franceses. Mas entre toda a massa turística, só cerca de metade sabe da festa.
De acordo com os dados do Turismo do Porto e Norte, é no centro das cidades ribeirinhas (Porto e Gaia) onde a taxa de ocupação é maior: ronda os 90%. Na periferia, desce para 80% a 85%. Já em Braga, onde também é feriado amanhã, a ocupação é de 85%.
No Hotel do Norte, na Rua de Fernandes Tomás, dos 36 quartos não há um livre. Desde o levantamento das restrições que o volume de hóspedes tem crescido, conta o rececionista José Francisco. Esse foi também o caso do Legendary Porto Hotel, na Praça da Batalha, nos últimos meses. "Tivemos um março e um abril com uns picos muito bons", admitiu Maria Ferreira, assistente de direção da unidade. Só que "junho está morno". "Ainda não estamos cheios. Este ano [o número de reservas] está ligeiramente inferior ao de 2019. Por norma, a semana de São João costuma ser sempre de 100%, mas estamos com cerca de 80% de ocupação. Estranhamente, está abaixo das expectativas", lamenta. A culpa é do tempo, acredita.
Perto da Sé, na Rua de Saraiva de Carvalho, a Casa Balsas está a postos para esta noite: na montra está a figura de São João e, ao lado, o manjerico. O telefone não tem parado com pedidos de reserva. "Não fazemos reservas. É por ordem de chegada", justifica de imediato Olinda Rosa, de 57 anos. O jantar começa a servir-se às 18 horas e a encomenda das sardinhas está feita: "Pedimos umas mil".
"Aqui vai ser o fim do mundo, com muita música e muita alegria. É o que a gente precisa. Há dois anos que não se ganha nenhum", lamenta a proprietária. "A nossa meia dose é sete euros. O resto é por fora, mas é baratinho. Estamos com medo do tempo. Se chover, não vem ninguém. Ainda na terça, nas Fontainhas, até chorei. Passei e não havia vivalma. Estavam os carrosséis a andar sem ninguém", conta.
Estadias mais longas
Uns metros abaixo, na Rua da Madeira, numa das cinco unidades do MyStay, só há um quarto livre. "Mas este mês está mais calmo", nota Cátia Sousa, diretora operacional da unidade. "Esta semana já estamos a notar que o volume aumentou. São só estrangeiros: mais espanhóis e muitos franceses", acrescenta, referindo que hoje o alojamento local recebe um grupo de franceses que reservou 10 quartos.
"Alguns vieram de propósito para o São João, mas outros nem sabiam e ficam ali a olhar para o manjerico [que está no balcão da receção], quase a agoirá-lo, a cheirar. Os espanhóis estão mais a par das tradições portuguesas", admite Cátia, referindo que "são estadias longas". "A média é de três noites. Não ficam uma noite e vão embora", agradece.