Os alojamentos do Algarve vão ficar praticamente esgotados este verão, à semelhança do ano recorde de 2019, o último antes da pandemia.
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João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, diz que "há um retorno significativo da procura internacional". Mas também "a procura nacional centra a sua atenção no Algarve, da segunda quinzena de julho à primeira quinzena de setembro", um fator relevante, considerando que os turistas nacionais representam, no verão, "o maior número de dormidas em hotelaria" no Algarve.
Para o período de julho a setembro, a expectativa é de que a taxa de ocupação "esteja de acordo com o melhor ano de sempre, que foi 2019", refere João Fernandes. Em julho, deverá ficar próxima dos 85% e, em agosto, ser superior a 90%.
No Alojamento Local (AL), acrescenta o líder do turismo algarvio, "a procura tem sido consentânea com a dos hotéis".
Os dados (ainda provisórios) fornecidos pela Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) vão no mesmo sentido. Para este mês e para agosto, espera-se que a ocupação fique com valores muito próximos de 2019: 83,5% em julho e 93% em agosto.
Já no mês passado, a taxa de ocupação foi de 75%, ligeiramente abaixo de 2019. Neste período, concretiza fonte oficial da associação, Albufeira, que concentra "metade da oferta de camas do Algarve", registou uma ligeira descida. Mas outras áreas, como Tavira, Olhão, Carvoeiro, Armação de Pera, Portimão e praia da Rocha, ultrapassaram os valores de 2019.
Os inquéritos recolhidos pela AHETA junto dos hotéis dão conta, ainda, de um "aumento de preços" em relação a 2019, acrescentou a mesma fonte.
Reservas diretas
Outra mudança verificada é a "diminuição das reservas feitas por operadores turísticos tradicionais e um aumento das reservas feitas diretamente pelos turistas nas plataformas online ou nas unidades hoteleiras". No primeiro semestre deste ano, 60% das reservas foram feitas diretamente pelos turistas, quando em 2019 eram 40%. Durante 2020 e 2021, devido à pandemia, 90% foram feitas diretamente pelos turistas.
A oferta já escasseia, mas ainda é possível encontrar um local onde ficar. Numa pesquisa feita ontem num site de reservas, para uma família de dois adultos e duas crianças, em Albufeira na semana de 6 a 13 de agosto, a estadia mais barata disponível ficava por 2272 euros num apartamento T2. Em Portimão era numa pousada por 1184 euros
Estima-se que no Algarve existam cerca de 118 mil camas em hotéis, a que se somam as 120 mil no AL, segundo a Associação do Alojamento Local em Portugal. De acordo com João Fernandes, Albufeira, Portimão e Loulé são os concelhos mais procurados, uma vez que dispõem de mais oferta.
1682 inspeções nos últimos três anos
Este verão, as autoridades deverão continuar de olho nos alojamentos. Segundo informações fornecidas ao JN, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou, nos três últimos anos, um total de 1682 fiscalizações na região do Algarve. Delas resultaram a instauração de 54 processos em 2019, 91 em 2020 e 47 em 2021, assim como a suspensão de atividade de um estabelecimento em 2019 e outro em 2020. As principais infrações prenderam-se com o registo e identificação de AL, oferta de serviços de alojamento turístico sem título válido, falta de sinalização ou cumprimento de requisitos de segurança.