Apesar dos avisos, ainda há quem arrisque ficar junto à base. Autoridades monitorizam rochedos e promovem ações de sensibilização no verão para evitar acidentes com vítimas.
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Treze anos após o desmoronamento fatal de uma arriba na praia Maria Luísa, em Albufeira, as autoridades continuam a ter de se desdobrar em ações de reforço de sinalização e sensibilização para evitar que os turistas ocupem zonas perigosas. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem identificadas faixas de risco num total de 75 praias, nos concelhos de Albufeira, Aljezur, Lagoa, Lagos, Portimão, Silves e Vila do Bispo.
António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, não esconde a preocupação. "Apesar dos avisos que, sistematicamente, são dados à população, continua a verificar-se o não respeito por esses avisos", lamentou.
Em Albufeira, a Câmara e a Autoridade Marítima Nacional (AMN) decidiram percorrer as praias a alertar os banhistas para o perigo de derrocada de arribas. As ações de sensibilização, que arrancaram este mês e se prolongam até 25 de agosto, acontecem dois dias por semana, no âmbito do programa "Desfrute da praia em segurança! Colabore para a sua proteção". São distribuídos aos veraneantes panfletos com os comportamentos a adotar em situação de perigo.
"É extremamente importante zelarmos pela segurança de todos os que visitam as nossas praias", considerou, em comunicado, o presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, sublinhando a importância de ser "mantida distância do topo ou da base das arribas" e cumprida a sinalização de perigo que se encontra nos locais de risco.
Em Lagos, contou Márcio Régio, Comandante Municipal da Proteção Civil de Lagos, "vê-se muitos banhistas nas sombras junto às arribas". Daí que, para além da" monitorização constante das arribas e aplicação de sinalética", se proceda à distribuição de panfletos com informação e se procure, através dos nadadores salvadores, sensibilizar quem está no areal.
A Proteção Civil, explica Márcio Régio, recebe "reporte de pescadores e outras pessoas que têm barcos e alertam para situações de perigo devido a instabilidade. No imediato vamos acompanhar, sinalizar e dar reporte à APA".
Também são realizadas visitas às zonas mais vulneráveis, para avaliar a integridade das zonas rochosas. "Faz-se mais de inverno, por causa das chuvas, que tendem a deteriorar as arribas", explica o comandante, revelando que, no ano passado, decorreram "derrocadas controladas", na zona entre a praia do canavial e Porto de Mós. Houve, ainda, "pequenas situações de derrocadas inesperadas", mas não causaram feridos.
Sem multas
A AMN adiantou ao JN que, este ano (dados até 18 de julho), não registou nenhum auto de notícia devido a infrações relacionadas com arribas no sul do país. Também no ano passado, esta autoridade não registou qualquer auto de notícia devido a infrações neste âmbito.
A AMN adianta que efetua "diariamente diversas ações de fiscalização dirigidas às zonas de arribas, bem como diversas ações de sensibilização sobre os riscos das arribas, contando para isso com um dispositivo composto por elementos da Polícia Marítima e por elementos do Projeto "SeaWatch" e do Programa "Praia Segura", que prestam serviço nas diversas Capitanias dos Portos e Comandos-locais da Polícia Marítima da zona sul".
Pormenores
75 praias em sete concelhos algarvios
Estas praias têm identificadas faixas de risco das arribas. O processo é da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente, em articulação com outras autoridades.
1,5 vezes a altura da arriba
Esta é a forma de se estimar a zona de risco que pode ser abrangida por resíduos se acontecer o desmoronamento de uma arriba. Esta área não pode ser ocupada por banhistas.