<p>Criança "esquecida" pela mãe, durante três horas, numa farmácia de Mangualde, vai continuar entregue aos cuidados da família. Avó e tia aceitaram assumir uma maior vigilãncia. Progenitora terá acompanhamento psicológico.</p>
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Está em casa, junto dos pais, o bebé de dois meses que anteontem foi deixado pela mãe, durante quase três horas, no interior da farmácia Petrucci. A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Mangualde, reunida de urgência, para avaliar a situação, decidiu manter o menino junto da família. Com uma condição: a avó e a tia paternas tiveram de assegurar que vão estar mais atentas e vigilantes a tudo o que se passe no futuro.
O incidente que obrigou a CPCJ a debruçar-se sobre a família, residente em Torre de Tavares, nas imediações do concelho de Man gualde, ocorreu anteontem, ao início da tarde, no interior da farmácia Petrucci, quando as três funcionárias de serviço se viram, de um instante para o outro, literalmente com uma criança nos braços.
"Queríamos trabalhar, atender os clientes, e nem uma alcofa tínhamos para deitar o menino que chorava convulsivamente. O receio de que o menor tivesse sido abandonado, uma vez que a mãe deixou aqui uma série de documentos, levou-nos a chamar as autoridades", relatou uma das funcionárias.
A mulher, de 27 anos, natural de Seia, saiu de Torre de Tavares, onde reside com o companheiro, no autocarro das 12,30 horas. "Levou o menino e foi tratar de vários assuntos à Casa do Povo e às Finanças em Mangualde", relatou a sogra, em desespero, inconformada com a "vergonha" por que dizia estar a passar.
Pouco passava das 14 horas, numa altura em que chovia torrencialmente, a mulher entrou na farmácia com uma amiga para aviar uma gotas para aliviar as cólicas do filho que chorava.
"Comprou e pagou o remédio, deu o leite ao filho e saiu com a colega. Avisei-a que não podia demorar. Por isso, quando vi que o tempo já era de mais, chamei a GNR", testemunhou a funcionária. Onde a mãe passou quase três horas com a amiga ninguém sabe. A sogra diz que esteve nas Finanças. A farmacêutica garante que isso aconteceu durante a manhã.
Apesar do incidente, a técnica de farmácia, que pediu para não ser identificada, desculpa a progenitora. "O menino estava um primor: bem agasalhado e tratado. Não creio que a mãe o quisesse abandonar. Inclino-me mais para uma mulher solitária e fragilizada que precisa de ajuda. Tinha um olhar terno e triste. Se calhar fez isto para chamar a atenção".