Mais de 200 "rainhas" servidas à mesa por homens em Arcos de Valdevez
Duzentas e cinquenta mulheres deixaram este domingo as tarefas domésticas de lado, vestiram-se de festa e sentaram-se à mesa a conviver, à espera de ser servidas por homens, na freguesia de Prozelo, em Arcos de Valdevez.
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A iniciativa é anual e promovida pela junta, pela paróquia e pelo rancho folclórico locais, para assinalar o Dia Internacional da Mulher. Na cozinha e na sala, cerca sessenta homens, prepararam e servem o repasto em ambiente de diversão. "A minha mulher que não me veja a fazer isto, senão habitua-se em casa", brinca um deles.
A tarefa é levada muito a sério, mas as piadas entre eles são uma constante. "Isto ganha-se pouquinho, mas é uma alegria", comenta.
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João Carvalha, que há nove anos comanda os preparativos da refeição composta caldo verde, arroz de feijão com panados e bolo e gelado de sobremesa. "Para elas acaba por ser só um dia de diversão, mas para nós a diversão há começou há oito dias. Toda a organização, desde a limpeza, à confeção e ao serviço de mesa, tudo é feito por nós", garante.
Cá fora, numa tenda gigante, as mulheres de todas as idades e aperaltadas a rigor, desfrutam daquele que pode ser o único momento do ano, em que são servidas por homens.
Gracelinda Cunha, 59 anos, não falha um almoço em Prozelo. "Isto está cada vez melhor. Estamos a ser servidas por homens o que é raro e faz-nos prazer este convívio que é muito bem organizado por eles", comenta, acrescentando: "O meu marido ajuda-me muito em casa, mas aqui estou melhor porque sou servida pelos outros".
O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Esteves, "sujeitou-se" também a estar na cozinha (e até provou os panados primeiro que qualquer mulher), em prol da "construção de uma sociedade inclusiva". Entre os cozinheiros e serventes, José Manuel Faria de 10 anos, vestido de cozinheiro, participa na iniciativa desde sempre. Começou a ir com o pai, José Carlos, ainda bebé, porque a mãe é de Prozelo. "Ele gosta destas aventuras e da mensagem que se passa aqui", diz o progenitor. E o filho, comenta: "Lá fora as mulheres querem todas ser servidas por mim". E defende: "Os homens e as mulheres não são iguais, mas têm os mesmo direitos".
Quatro panelas de arroz com 40 litros cada uma e 450 panados, 100 litros de caldo verde, foram as quantidades "industriais" que os machos de Prozelo, prepararam para as suas fêmeas.
Segundo João Carvalha, o esforço masculino "serve, não só para lembrar o Dia Internacional da Mulher, mas também para dizer não a uma situação que tem surgido muito, que é a violência doméstica, que por vezes começa no namoro".