<p>Foram resgatados ontem, quinta-feira, mais dois corpos na Ribeira Brava, aumentando para 41 o número oficial de mortos, segundo o Ministério Público. Na Madeira, a prioridade é "lavar a cara" do Funchal para turista ver e converter a solidariedade em ajuda concreta.</p>
Corpo do artigo
O responsável pelo Ministério Público na ilha da Madeira, Gonçalves Pereira, confirmou, em declarações citadas pela agência Lusa, que o número de mortos causados pelo temporal de sábado aumentou para 41, tendo sido já autopsiados 40 corpos. "Vim agora da morgue onde estão 40 corpos e sei que vem mais um a caminho", afirmou o procurador, ao fim da tarde.
O Governo regional, que desde domingo insiste numa estimativa de 42 mortos, ontem, confirmou apenas a existência de 40 vítimas, pela voz da secretária do Turismo, Elisabete Estudante
O último corpo que deu entrada no necrotério improvisado do Funchal é o de uma mulher com cerca de 80 anos, encontrada no Pomar da Rocha. O outro cadáver foi descoberto num pavilhão desportivo.
Há, ainda, a registar dezenas de feridos, 18 dos quais internados e cerca de 600 desalojados. Quanto ao número de desaparecidos, oscila diariamente - anteontem, eram 16 e, ontem, 29 - e como nem todos estão incluídos na estimativa do Governo, é impossível afirmar com precisão quantas pessoas efectivamente perderam a vida. As operações de busca nas áreas mais castigadas pelo temporal de sábado passado continuam.
A secretária regional do Turismo sublinhou a necessidade materializar a solidariedade e relançar a imagem turística da ilha.
"Estamos todos ainda na fase da solidariedade, mas depois teremos de operacionalizar e concretizar todas essas intenções", afirmou, ontem, Conceição Estudante. O Governo Regional, em parceria com entidades privadas - empresários da hotelaria, agentes de viagens, operadores turísticos e aéreos -, está a dinamizar uma "estratégia concertada" para o turismo, disse.
Do Turismo de Portugal têm chegado manifestações de solidariedade, mas "é preciso passar um pouco dos sentimentos e das emoções de solidariedade para questões de carácter mais prático e pragmático". "Temos de encontrar dinheiro, procurar fontes e ser imaginativos na forma de procurar até canalizar esses meios".
Cruzeiros voltam domingo
O mau tempo que sábado afectou a Madeira levou a que quatro navios de cruzeiro tivessem suspendido o desembarque no Funchal, impossibilitando a chegada de 7266 turistas, de acordo a Administração dos Portos da Madeira. Para domingo, são esperados dois cruzeiros, pelo que estão a ser ultimados os "circuitos turísticos alternativos" para os visitantes.
Há 32 carreiras de transportes públicos a funcionar e hoje reabrem oito escolas e cinco jardins de infância no Funchal, quatro estabelecimentos escolares na Ribeira Brava, e todos os que existem no concelho de Santa Cruz.
Persistem problemas pontuais de fornecimento de água na Ribeira Brava e Ponta do Sol. Quanto à electricidade, "já foi recuperada 80% da rede eléctrica da Meia Légua", segundo Conceição Estudante.