Comunidades de idosos, de etnia cigana e de pescadores foram alvos de ações de sensibilização da GNR e Câmara para combater relaxamento.
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"Só devemos sair de casa se tivermos necessidade de ir à farmácia, ao hospital ou para comprar alimentos. E devem ser as pessoas mais novas a fazer essas deslocações, permitindo que os mais doentes e idosos fiquem em casa". As palavras, em forma de apelo, foram esta quinta-feira proferidas pelo capitão Vítor Ribeiro, no meio de um acampamento existente em Ovar, que acolhe 17 pessoas, pertencentes a sete famílias de etnia cigana.
Ao JN, o comandante do Destacamento de Ovar da GNR explicaria, após uma visita a um segundo acampamento, que a ação de sensibilização visou também bairros piscatórios e agregados populacionais envelhecidos, onde foram distribuídas cerca de 800 máscaras de proteção. "Muitas comunidades estão isoladas, sem acesso a material de proteção individual e não conhecem as regras de utilização deste equipamento", justificou.
Outro fator fundamental para a iniciativa prende-se com o relaxamento verificado na população após o levantamento da cerca sanitária em Ovar, concelho que continua obrigado a regras restritas. "Sinto que existe uma saturação das pessoas e é normal que sintam necessidade de sair. Há um acréscimo de pessoas na rua, nas praias, parques de jogos e jardins", admite o capitão Vítor Ribeiro.
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Todos em casa
A vereadora Ana Cunha confirma que "o isolamento cria muitas dificuldades", também psicológicas, a quem está obrigado a permanecer em casa. Dificuldades expressas nas três mil chamadas efetuadas para a linha de apoio psicossocial criada pela Autarquia e que deu origem a cinco mil atendimentos presenciais. Por isso, defende a autarca, é normal que haja "tendência para as pessoas saírem mais".
Quem garante não ter vontade de escapar ao confinamento é o patriarca Joaquim Soares. "Ficamos todos no acampamento. Deixámos de fazer os cestos e de os vender no centro da cidade", assegura quem diz, ainda, que as casas pré-fabricadas têm condições de higiene suficientes para manter a Covid-19 afastada. Inácio Monteiro, outro patriarca, assume postura idêntica. "Antes, saía de casa todos os dias e só voltava à noite. Agora, já não faço isso".
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Na Rua Dra. Leonilda da Silva, ainda em Válega, Albino Rodrigues, de 81 anos, é outro que refere que raramente abandona a residência. "Vivo sozinho, cozinho a minha comida e arrumo a casa. Ia todos os dias visitar um amigo que está acamado, mas desde que isto começou nunca mais fui vê-lo", declara. Mesmo assim, a guarda Dourado foi perentória no aviso: "Não devem ir à casa do vizinho, nem o vizinho vir à vossa".