Registo de 2019, de 1,3 milhões de entradas, foi o melhor de sempre. Números de janeiro indiciam nova subida.
Corpo do artigo
As caves de vinho do Porto, em Gaia, nunca tiveram tantos visitantes. Em 2019, bateram um novo recorde, ao receberem mais de 1,3 milhões de turistas. Face ao ano anterior, o crescimento foi de 8,8% e, a avaliar pelos indicadores de janeiro deste ano, com aumentos de afluência entre 10% e 20%, é de crer que 2020 volte a superar todas as marcas.
Os espanhóis, agora líderes, ultrapassaram os franceses no pódio, seguindo-se no ranking os visitantes portugueses, dos EUA, do Reino Unido e do Brasil, por esta ordem. Apesar das proveniências espalharem-se por todo o mundo, em janeiro e fevereiro a boa surpresa tem sido o número de coreanos.
Robin Jackson viajou desde Londres com a mulher. Em Inglaterra, o vinho do Porto há muito que é uma "referência". Mas o casal britânico quis vir à Invicta para conhecer a história do prestigiado néctar. A passagem pelas caves era a prova que faltava. Confessaram-se ambos "deliciados".
Sendo verdade que o Porto está na moda e que o turismo na região segue em alta, não é menos verdade dizer-se que estes registos do enoturismo "são o corolário do trabalho de décadas", como observa Ana Margarida Morgado, relações públicas da Fladgate Partnership, cujo grupo tem no hotel Yeatman, implantado na zona das caves, um dos símbolos.
O futuro é prometedor e novos negócios anunciam-se. Jordan e Nataly, mais o filho Lucca, vieram de Porto Alegre, no Brasil. Já estiveram em pontos vinícolas brasileiros e uruguaios e dizem que a oferta gaiense não fica atrás. "É para recomendar aos amigos", adiantam, agradados pela "sofisticação" dos armazéns, que "combinam a preservação do património com as novas tecnologias".
Sogevinus
Muitos bilhetes comprados online
O grupo Sogevinus, que agrega as marcas Calém, Burmester e Kopke, contabilizou, no ano passado, 456 mil visitas. "Seria giro atingir as 500 mil. O mercado está em crescendo", afirma Maria Manuel Ramos, diretora de turismo da Sogevinus. A atratividade do Douro e a abertura de hotéis "trazem muitos clientes", mas o grupo também tem feito a sua parte. A presença nas plataformas digitais tem rendido bastante, com parte dos visitantes a comprar bilhetes via online. Foram ainda feitas parcerias com o Hard Rock Café e o Museu do F. C. Porto, entre outras, o mesmo se passando com operadores fluviais e de autocarros panorâmicos, o que, tudo junto, contribui para resultados nunca vistos. "Por vezes, ao fim de semana, a lotação esgota", refere, juntando que "visitas, provas, lojas e eventos já representam 20% da faturação". A partir de abril, a entrada na Calém custará mais um euro (14 euros).
Sogrape
Offley muda para próximo do rio
Pedro Sottomayor, responsável pelo enoturismo da Sogrape, diz que a empresa "não vive com a obsessão de ter mais visitantes". Mas também cresceu. Em 2019, as marcas Sandeman, Ferreira e Offley acolheram 292 mil turistas. "Queremos que as pessoas desfrutem da experiência e criem uma relação emocional com as marcas", dá conta, salientando que "as caves estão vivas, em pleno funcionamento" e que "mais de 100 profissionais - enólogos e funcionários de armazém - tratam diariamente do stock", em tarefas feitas à vista de quem paga bilhete e faz o roteiro entre as pipas.
O investimento tem sido contínuo. Depois da Sandeman, é a vez das caves Ferreira, cujos trabalhos terminam em março. São 1,6 milhões de euros para requalificar a cobertura e os interiores. Nesta dinâmica, explorando o filão do turismo, estão previstos 500 mil euros para a Offley, que encerrou temporariamente e mudará de instalações para mais próximo do rio Douro. A inauguração deste centro de visitas está agendada para o segundo semestre. O preço dos bilhetes na Sandeman e na Ferreira subiu de 13 euros para 14 euros.
Fladgate
Caves Fonseca vão reabrir
Cada empresa faz as suas apostas. Na Taylor's, os conteúdos do circuito chegam aos turistas através de informação sonora por um dispositivo (tipo comando da televisão) ou por auriculares. Não há guias. Só se for para um grupo com marcação. Em todo o espaço há wi-fi e as explicações são dadas em 11 línguas. A Taylor's diz estar a dar-se bem com a estratégia: "Os clientes podem demorar o tempo que quiserem a fazer o percurso".
No total, a Fladgate, que engloba a Taylor's e a Croft, recebeu cerca de 200 mil visitas, um incremento entre 2% e 3 %. "O objetivo é proporcionar experiências e criar embaixadores que vão contar aos amigos", destaca Ana Margarida Morgado. Sintomático do retorno gerado, a Fladgate vai reabrir as caves Fonseca, que fecharam durante tempos. Deverá ser em abril.