Manuel Carlos Silva é o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara, depois de já ter concorrido por duas vez pela CDU. Quer um novo hospital e mais comboio.
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O jubilado professor catedrático em Sociologia da Universidade do Minho, Manuel Carlos Silva, foi militante do PCP durante 20 anos, tendo saído em 2013. Integrou como independente a lista do Bloco de Esquerda (BE) às eleições europeias e foi deputado na Assembleia Municipal de Braga, pelo movimento independente "Cidadania em Movimento". Natural de Barcelos, Manuel, de 74 anos, dá negativa à governação PS e aponta duas grandes falhas: a não construção de um novo hospital e a secundarização da ferrovia.
Porque decidiu ser candidato?
É uma candidatura unipessoal, mas por decisão unânime do BE, a nível concelhio e distrital. Faço-o com toda a honra e prazer, até porque sou barcelense. Sinto-me orgulhoso com este desafio.
Como avalia a governação do PS nos últimos anos?
Foi uma desilusão e uma oportunidade desperdiçada. Apesar de todas as promessas, em vez de mudar o que o PSD havia feito nos 30 anos anteriores, instalou-se no poder, criou uma rede clientelar. A luta pelos lugares e pelas vantagens económicas desses lugares mostram que não estão lá para servir Barcelos e os barcelenses, mas para se servirem a si próprios.
Como vê a coligação entre o PSD e o movimento independente BTF?
É paradoxal que os dissidentes do PS tenham criado um movimento independente e agora se coliguem com o PSD, que tanto criticavam. É um casamento de conveniência para ter poder. O mais grave disto tudo é que, quer o PSD antes, quer o PS agora, ao não terem transparência nos processos, fazem com que os cidadãos se aliem a forças de poder de extrema direita, como o Chega, que tem uma retórica machista, homofóbica e racista, escondendo e servindo outros grandes interesses económicos.
Estas autárquicas podem ser uma oportunidade para o BE crescer?
Pode ser uma oportunidade. Se houvesse a possibilidade da eleição de um vereador e o aumento da votação de eleitos na assembleia municipal, não sendo a solução, era uma força política que teria mais capacidade de decisão em alguns assuntos importantes para Barcelos.
Como por exemplo?
Há uma inércia muito grande em duas questões centrais: a saúde e a ferrovia. Foi aprovado em sede parlamentar a construção de um novo hospital, mas nada foi feito. A ferrovia é secundarizada e era fundamental para Barcelos. Mas também outras coisas, como a despoluição do rio Cávado, a falta de uma rede de creches municipais, a falta de um parque municipal urbano, a falta de uma agência de inovação e apoio às empresas.
Como é que o BE pensa resolver o problema da água?
O PSD cometeu o crime de gestão pública ao entregar a água a privados. Depois, o PS em 12 anos também não conseguiu resolver o problema. Agora há todo um trabalho que importa fazer de maneira a que a água volte a ser remunicipalizada, porque é um bem público, e que não implique um encargo maior do que aquele que já foi condenado.