Manuela Antunes é novamente candidata do Bloco de Esquerda à presidência de Viseu. Acredita que desta vez o povo não quer "uma maioria absolutíssima".
Corpo do artigo
Manuela Antunes, 54 anos, é professora de Educação Física há 33 anos. Foi atleta de andebol e voleibol. Feminista convicta, ativista dos direitos humanos e atriz nas horas vagas. Entrou para o Bloco de Esquerda (BE) quando o partido foi fundado, em 1999. Já foi deputada municipal. Em 2013 candidatou-se pelo BE à Câmara de Viseu, não tendo sido eleita, e quatro anos mais tarde encabeçou a lista do partido à Junta de Freguesia da cidade, entrando para a Assembleia. Nestas autárquicas volta a ser a aposta do partido na corrida ao Município viseense.
Quais os objetivos eleitorais do Bloco para estas autárquicas?
O objetivo é aumentar o número de eleitos onde concorremos, e na Câmara o objetivo é entrar pela primeira vez. Quando entramos no jogo queremos sempre ganhar, mas sabemos o que nos rodeia e qual será a preferência das pessoas do concelho. Penso que a preferência não vai ser uma maioria absolutíssima e é nesse ponto que estamos confiantes. É importante a pluralidade de ideias.
Viseu não mudou nos últimos anos?
Nos últimos quatro anos aconteceram coisas incríveis, lembro-me da primeira marcha LGBTI+ na cidade. Se calhar há uns anos pensava que ainda demorava muito tempo. Conseguiu-se fazer uma marcha com muita gente, com a cidade a observar e sentiu-se já algum respeito. Houve também expectativas de coisas boas, como a questão do centro histórico e uma possível candidatura a património mundial, que de repente se esfumou. Era uma das bandeiras do antigo presidente Almeida Henriques e que a uma dada altura se perdeu.
Essa candidatura é um objetivo do Bloco?
Não começa por aí, começa pelo espaço público. É preciso reabilitar e só depois é que se avança, não o contrário. Criámos aqui este mega objetivo e depois acabou por se perder o resto. O edificado histórico tem que ser recuperado. A Câmara tem que andar no terreno, fazer um levantamento sério e perceber o que pode o município reabilitar. E criar uma rede de habitações com custos controlados para todas as idades e não só para jovens.
O PSD fez mais mal do que bem à cidade nos 32 anos de governação?
Não sei classificar dessa forma, posso dizer que a aposta no cimento foi errada. É certo que a cidade precisava de alargar, mas foi tudo para fora e por isso é que o centro histórico bateu no fundo. Houve uma grande aposta em cimento e foi ficando em segundo lugar a questão ambiental e a recuperação do património. Claro que tivemos coisas boas, como a rede municipal de museus.
Para o Bloco quais são as prioridades?
Temos vários, mas posso destacar a questão da mobilidade. Para nós um ponto forte é a criação de uma rede de transportes públicos, acessíveis. O futuro seria a rede de transportes públicos gratuita. E a questão da ferrovia também é fundamental. Temos que nos bater por uma ligação que está prevista no plano ferroviário nacional.
Melhor
Melhor
A qualidade de vida, uma cidade com muitas árvores, bonita em termos estruturais e históricos.
O centro histórico e a mata do Fontelo, que é a minha segunda casa.
Pior
A falta de preservação do centro histórico.
A aposta em estradas, ao invés de apostas numa mobilidade mais sustentável e nos transportes públicos.