A organização da Marcha do Orgulho LGBTI+ fala em 15 mil participantes. O trajeto alternativo e inexistência do arraial no fim do percurso não desmobilizaram. O desfile seguiu animado até à Cordoaria.
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Terão sido cerca de 15 mil pessoas, um número acima do ano passado, aquelas que participaram na Marcha do Orgulho LGBTI+, este sábado, no Porto. O cálculo é de Cláudio Santos, da comissão organizadora. Entre a Praça da República e o Largo do Amor de Perdição, na Cordoaria, houve, de facto, muita gente. Também muita cor e som.
"A marcha tem uma parte de aceitação, de os participantes terem à sua volta pessoas da sua comunidade, mas não podemos esquecer a parte política, pois pretende-se que os partidos, as instituições e o poder local percebam o que estas pessoas querem dizer e quais são as melhorias pretendidas para a cidade e o país", enfatizou.
Embora tenha admitido "progressos em termos legislativos", Cláudio Santos sublinhou que se continuam a ver "muitas questões de violência, opressão e censura". Concretizando, assinalou: "Temos assistido ao aumento do discurso de ódio nas redes sociais, assim como das ameaças".
A polémica com a Câmara do Porto, que não autorizou o arraial no fim do percurso e propôs a Quinta do Covelo como palco, e o trajeto alternativo, sem passar pelos Aliados (com obras da Metro), não desmobilizaram. Devido ao desacordo com o município, não espantou que a marcha tivesse sido aproveitada para criticar a autarquia. À cabeça do desfile, era empunhada uma grande tarja, com a mensagem: "Contra a invisibilidade, ocupamos a cidade".
Brasileiros em força
Muitos imigrantes, sobretudo brasileiros, juntaram-se à festa. Com os seus tambores, a Associação Batucada Brasil foi um dos focos da animação. Helena Fernandes, a responsável pela associação, disse "presente", já que a iniciativa tinha por lema a "igualdade". Quanto à música, explicou que "além de alegrar, serve para chamar a atenção de uma causa".
Em matéria de preconceito, considerou que a situação em Portugal "está a melhorar um pouco, mas é uma luta, pois as pessoas ainda não têm uma mente suficientemente aberta para que sejamos todos iguais, independentemente da orientação sexual".
Com as suas vestes e a cabeleira loura, Lelé Glitter (nome profissional) deu nas vistas. Nascido no Brasil, trabalha no nosso país como "drag queer". Emigrar foi a opção: "Aqui há a possibilidade de as pessoas viverem com a sua arte, coisa que no Brasil fica cada dia mais difícil".
Mariana Mortágua critica Rui Moreira
Mariana Mortágua, do BE, participou e acusou Rui Moreira de ter pretendido "boicotar" o desfile. "Se o presidente da Câmara rejeita uma visão moderna dos direitos humanos, tem que ser derrotado nessa sua visão antiga do século XIX, que empurra os direitos, a visibilidade e a igualdade para qualquer canto da cidade", disse, acerca da proposta de levar a iniciativa para o Covelo e "sem a marcha no centro".