Estruturas em Vila Nova de Gaia, no Porto e em Gondomar não dão vazão à grande procura. Para ter lugar para o barco na plataforma gaiense o tempo de espera já vai em dois anos.
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Não há lugares que cheguem para tamanha procura. No Grande Porto, as principais marinas no rio Douro têm a lotação esgotada e há listas com tempo de espera de dois anos. As estruturas junto à Afurada (Gaia), no Freixo (Porto) e em Covelo (Gondomar) estão repletas. No caso gondomarense, na Angra do Douro, o objetivo, nos próximos dois anos, é duplicar a capacidade para servir de porto a mais de meio milhar de barcos. O interesse é de tal ordem que os responsáveis têm sido aliciados por estrangeiros para vender a marina.
A Angra do Douro, logo acima da barragem de Crestuma/Lever, tem lotação para 275 embarcações. Tem estado sempre preenchida "desde os últimos três anos". António Costa, sócio-gerente, diz que a solução é ampliar. O atual espaço ocupa a lagoa da Lixa, mas há a lagoa vizinha, de Leverinho, que está livre e encaixa na perfeição no projeto para dobrar o número de postos de acostagem. "Temos a concessão das duas lagoas e a extensão faz parte do Plano de Pormenor. Bastará deslocalizar o posto de abastecimento. Por se tratar de estruturas flutuantes não são necessários mais requisitos", explica, atirando para o biénio 2023/24 o projeto de expansão.
Por ser um local bastante apetecível, têm chegado, do estrangeiro, abordagens no sentido de perceber se a Angra do Douro é negociável. Até ao momento, não terão passado disso mesmo. "Temos um microclima o ano inteiro. Não estamos à mercê das marés. Não há vento, nem nevoeiro. É paradisíaco", observa o sócio-gerente, para realçar as invejáveis condições atmosféricas e o bom enquadramento paisagístico.
Rio abaixo, na marina do Freixo, no Porto, num cais de menor dimensão, o cenário também é de casa cheia. Segundo Humberto Santos, os barcos que ali cabem, 74, têm estacionamento garantido. Já os outros são obrigados a integrar a lista de espera, que conta, pelo menos, com 25 nomes. Todos eles para um plano de estadia prolongada.
Pedidos chegam de todo o lado
Junto à Afurada, na foz do rio e com o Atlântico no horizonte, a Douro Marina também ostenta o letreiro de lotação esgotada. Os seus cerca de 300 lugares em água têm dono, com contratos de longa duração. Requisitada por nacionais e estrangeiros, esta baía para embarcações de recreio cumpriu 10 anos de existência no passado dia 4 e tem potenciais clientes que aguardam vaga há dois anos!
Antes da pandemia, na temporada de 2018/2019, a plataforma gaiense atingiu o pico da procura, numa altura em que o turismo estava ao rubro. Agora, com a vacinação em massa e o aligeirar das medidas restritivas, os contactos ressuscitam de todo o lado. Há uma quota para estadias curtas, mas até nestas situações é preciso avisar com antecedência, para avaliar se a reserva é possível.
Na Angra do Douro há, igualmente, uma pequena quota destinada a quem está de passagem.
Os utentes que ali estacionam durante os 12 meses são todos portugueses. "Maioritariamente são de Braga, Famalicão, Matosinhos, Gaia e Porto, entre outras localidades próximas", diz António Costa. "Na época alta vão com o barco até Espanha ou ao Algarve, por exemplo. Subindo o rio Douro, podem passar entre oito e 15 dias, levando familiares e amigos", adianta.
A marina tem várias comodidades. Há uma equipa para ajudar nas manobras e fazer a manutenção. O acesso por estrada é controlado. À entrada é preciso acionar um código no telemóvel.
Embarcações podem valer 500 mil euros
Se fossem novos, os maiores barcos ancorados na Angra do Douro podiam valer cerca de dois milhões de euros. Mas, em Gondomar, esses bólides fluviais são usados. Foram adquiridos noutros mercados, nomeadamente em Espanha. Ainda assim, com uma dezena de anos ou mais, custam mais do que uma casa. Abaixo ou acima de meio milhão de euros será o preço, consoante o estado. São autênticos T3, com sala, cozinha e WC. Nada falta, incluindo a autonomia, desde a água à eletricidade. O alarme é outro elemento indispensável.