Infraestrutura em Santa Maria da Feira ganhará nova vida e irá adaptar-se a outras funcionalidades em três meses.
Corpo do artigo
A banca de venda de peixe de Maria do Carmo destaca-se no recinto de tons cinzentos, despido de outros vendedores, de espaços fechados com grades e sem outros sinais de vida. Há baldes que acolhem a água dos tabuleiros onde a vendedora do mercado da Feira amanha o peixe e o gelo vai derretendo sobre uma frágil bancada onde o espaço é exíguo e tudo se tenta acomodar numa gritante falta de condições. Porém, o emblemático espaço da autoria do arquiteto Fernando Távora vai ser alvo de obras dentro de três meses para se adaptar a novas funcionalidades.
"Não tenho uma torneira e não me deixam colocar sequer um balcão frigorífico", vai desabafando a peixeira que, há 45 anos, contra tudo e contra todos, marca presença no mercado. "Não temos condições, porque não deixam fazer nada, nem sequer vir outras pessoas ocuparem os espaços dos talhos", afirma a mulher que diz que viu declinadas as tentativas junto da autarquia para melhorar o seu local de venda.
Não desiste
Sozinha, e apesar das dificuldades, garante que não desiste: "Agora só aqui estou eu, mas quero continuar se me deixarem". Nem as obras, que vão custar um milhão de euros, lhe dão confiança, pelo contrário.
Mesmo ao lado, Joana Martins, cliente de longa data, não tem dúvidas: "É necessário fazer obras e revitalizar o mercado. Estou contente por saber".
Segundo o projeto, vai ser recuperada a fonte central, com reposição do abastecimento de água, recuperadas as bancadas de venda, com substituição de pedras em lousa danificadas. Além disso, haverá uma estrutura desmontável na zona central da fonte, instaladas 210 cadeiras empilháveis, 50 lugares sentados na escadaria e 80 a pé à volta, numa cota superior. O espaço deverá ainda ser adaptado para a venda de produtos biológicos, velharias, artesanato e gastronomia.
O presidente da Câmara recorda que esta é uma intervenção "há muito desejada", mas que, "sempre foi muito difícil encontrar uma solução". Emídio Sousa fala na necessidade de uma "grande operação de recuperação", atualizando aspetos com a rede de frio, salubridade e adaptando o espaço a novas funcionalidades.
Diz-se "muito orgulhoso" com a intervenção projetada, garantido que se resolve um problema com anos, fazendo com que o mercado "continue a ser uma extraordinária peça de arquitetura". "O nosso mercado tem mais visitantes do que o castelo da Feira", lembra.