Edifício tem agora 81 bancas de frescos, 38 lojas e dez restaurantes, que vão estar abertos até à meia-noite.
Corpo do artigo
Hoje é o dia de regresso ao histórico e renovado Bolhão, que há mais de cem anos faz parte da vida da cidade do Porto. O mercado reabre após quatro anos de obras. Perdeu um pouco da velha patina que tinha, mas que não eram mais do que marcas de décadas de falta de intervenção e de investimento que resultaram na degradação e insalubridade. Este Bolhão pode parecer menos castiço aos mais puristas mas, como afirmam os comerciantes, "o que define o mercado é a alma das pessoas" e essa persiste.
15165822
Foi esse pulsar genuíno que durante décadas atraiu políticos e governantes durante as campanhas eleitorais sempre com promessas de requalificação do quarteirão para depois serem sistematicamente esquecidas. O Bolhão era usado para abrilhantar as imagens televisivas dessas visitas pelo típico apregoar e pela língua solta das vendedoras, mas a partir da década de 80 os sinais de degradação passaram a ser preocupantes.
A gestão socialista da Autarquia no início dos anos 90 apresentou um arrojado projeto assinado pelo arquiteto Joaquim Massena que nunca avançou. O perigo fazia parte do dia a dia de quem frequentava o Bolhão com paredes rachadas e elementos em betão a desprender-se. Enquanto autarca, Rui Rio (PSD) mandou escorar e instalou andaimes e defendeu a sua preservação com uma ideia que desagradaria à cidade por "transformar" o espaço numa espécie de centro comercial.
Moreira decidiu manter
Rui Moreira, atual presidente da Câmara, decidiu recuperar o Bolhão sem alterar a traça arquitetónica e manter o mercado de frescos e o seu comércio tradicional. Na Assembleia Municipal de 22 de fevereiro de 2021 afirmou: "Ninguém mais do que eu quer que estas obras se concluam antes do final do mandato, acho que todos queremos". Respondia à oposição preocupada com o atraso da empreitada.
Em vez de dois anos a obra demorou quatro, muito devido aos problemas surgidos durante a contenção e construção da cave e devido à reconstrução da totalidade da galeria. Alterações ao método construtivo obrigaram a novo parecer da Direção-Geral do Património Cultural. No passado fim de semana, os comerciantes que durante quatro anos operaram no mercado temporário, no piso -1 do centro comercial La Vie, fizeram as mudanças e tudo está pronto para que esta manhã Rui Moreira faça a reabertura ao tocar o sino colocado na entrada pela Rua de Fernandes Tomás, num gesto semelhante ao ocorrido a 28 de maio de 2018, quando o encerrou.
Os frescos, as frutas e legumes, as flores, o peixe, os enchidos caseiros e o artesanato continuarão a ser os protagonistas e a dar cor ao mercado, num total de 81 bancas, 38 lojas e 10 restaurantes, acomodando 87 comerciantes históricos.
Dos 92 comerciantes e 40 inquilinos (lojas exteriores) que existiam antes da intervenção, alguns cessaram atividade. Devido à avançada idade de alguns deles ou por a sua atividade já não se coadunar com o moderno espaço. Por exemplo, as galinheiras que comercializavam animais vivos não vão voltar, mas às tradicionais atividades junta-se agora a comercialização de novos produtos, como cogumelos e algas ou massas, temperos e especiarias.
O mercado de frescos vai funcionar nos dias úteis das 8 às 20 horas e aos sábados fecha às 18. A restauração funcionará de segunda a sábado das 8 às 24 horas.