O mercado do Bolhão, no centro do Porto, que vai reabrir a 15 de setembro depois de quatro anos de obras de requalificação, terá uma série de novidades, tanto para os comerciantes como para os compradores. Entre elas, uma ponte que fará a ligação entre as ruas de Sá da Bandeira e de Alexandre Braga, uma saída direta para a estação de metro e 12 elevadores.
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As novidades foram anunciadas por Rui Moreira, presidente da Câmara, na manhã desta sexta-feira, numa sessão, que decorreu no local, de apresentação da imagem gráfica do renovado mercado. O autarca salientou também como novidade o facto de os dez restaurantes que vão abrir, no lado virado para a Rua Formosa, terem assumido o compromisso de fazer as compras no Bolhão.
Por outro lado, lembrou que todas as descargas vão ser feitas na cave, acabando-se assim com os constrangimentos de trânsito e evitando-se que as carrinhas tapem o edifício, cujo projeto de renovação é da autoria do arquiteto Nuno Valentim. A propósito, salientou o novo mercado tem "uma enorme capacidade logística".
"A cidade decidiu que o Bolhão era seu", disse Rui Moreira, salientando que o espaço teve de ser "adequado aos novos tempos". Quanto à cor exterior, explicou que é a de origem, do projeto de 1914, e que "procura reproduzir o granito portuense quando exposto ao sol".
Classificou o projeto de reabilitação como "notável", mas também afirmou que o mercado do Bolhão "não é feito apenas para ser um monumento". A 15 de setembro, nova data avançada para a reabertura, será possível ter lá "o património imaterial", ou seja, as vendedoras e os seus produtos. "Isto vai ter muita cor, vai ter muito som, vai ter muitos cantares, vai ter muita alegria", referiu.
Há vários números associados a este mercado: só a fachada ocupa mais de oito mil metros quadrados, a cobertura tem mais de cinco mil e, durante a obra de reabilitação e adaptação, foi necessário escavar 30 mil metros cúbicos para construir a cave logística. Foram recuperados, dentro do possível, os azulejos originais e até algumas ideias que, com o tempo, foram surgindo nas cabeças das vendedoras, como os cortinados.
O presidente da Câmara não se esqueceu de agradecer aos comerciantes por "terem confiado" na Autarquia, depois de "promessas que falharam durante anos" e depois de terem sido alvo de "quase uma estratégia de expulsão". Porém, avisou que terão de ter em conta que o espaço do renovado mercado não é ilimitado, numa alusão ao facto de as bancas do mercado temporário serem maiores.
O mercado vai ter 81 bancas, 38 lojas viradas para a rua e dez restaurantes, que, segundo o autarca, são "negócios individuais". As refeições a servir nesses espaços serão confecionadas com produtos do próprio mercado. Nem todos os comerciantes vão abrir a 15 de setembro, devido a obras mais específicas nos seus espaços. Quanto ao mercado temporário, instalado no centro comercial La Vie, será entregue ao proprietário assim que a transferência dos vendedores ficar completa.
A propósito do tamanho das bancas, Nuno Valentim, arquiteto portuense com mestrado em reabilitação do património edificado, referiu que "a arquitetura não faz milagres". Sublinhou, no entanto, que "há uma identidade que está no edifício, está nas pessoas e naquilo que se vai vender".
"O projeto não é redentor, não faz tudo sozinho", disse ainda o autor, salientando um aspeto que esta obra permitiu recuperar: é possível "voltar a ler o perímetro original do mercado do Bolhão" e devolver-lhe o conceito de "edifício-praça".
Quanto à imagem gráfica do mercado, já está visível nas entradas e no passeio, por exemplo, da Rua de Sá da Bandeira. Criada por Eduardo Aires, irá, como o próprio disse, "funcionar como pele de comunicação deste equipamento".