<p>Depois de quase um ano de obras, o Mercado da Costa Nova reabre ao público. Melhores condições higieno-sanitárias, uma cozinha e um restaurante são algumas das novidades, mas que não chegam para satisfazer quem ali vende o peixe.</p>
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Todos tinham esperança que as obras no Mercado da Costa Nova, que obrigaram a que os comerciantes tivessem de se mudar durante quase um ano para instalações provisórias, fossem trazer melhorias. E até trouxeram. Agora o mercado cumpre todas as regas de higiene, dispõe de câmaras frigoríficas para a congelação e armazenamento do peixe e marisco, de uma cozinha industrial e até de um restaurante. Mas é aqui que reside o problema para quem vende o peixe nas bancas. Acusam a Câmara de Ílhavo de ter feito as obras "só a pensar nas vendedoras de marisco".
João Caçoilo é a voz que mais se levanta no protesto contra a autarquia. Diz que se recusa a ir à inauguração, marcada para amanhã, às 18h30. "Não estou satisfeito com o que foi feito, porque na verdade não fizeram nada daquilo que pedimos. Mais parece que andam a gozar com os pobres", diz o vendedor de peixe no Mercado da Costa Nova. "Não fizeram as obras para nós que vendemos peixe, foi só para os do camarão", lamenta o comerciante, acrescentando que "do nosso lado só restauraram e ainda nos roubaram espaço, acabando por nos prejudicar".
Numa outra bancada das instalações provisórias do mercado, ouvem-se mais queixas. Esta vendedora não quer dizer o nome, diz que não quer ser "apontada". "Fui lá ver as obras, até está bonito, mas não satisfaz as nossas necessidades porque ficámos com menos espaço. As do marisco é que ficam bem, com uma cozinha e tudo", afirma.
Do lado "das vendedoras de marisco", dizem lamentar que "nem toda a gente tenha ficado satisfeita", mas lembram que as obras são da responsabilidade da câmara e que "ninguém pediu nada".
Mais à frente, Rosa Maria e Rosa Martins, que vendem em bancas lado a lado, demarcam-se das críticas feitas por outros colegas e dizem apenas que "quando as pessoas se mudarem é que poderão ver como é que as coisas funcionam". "Eu espero que as obras, e como aquilo agora está mais bonito, tragam mais clientes porque o importante é vender", salienta Rosa Martins. Apenas lamenta que "o armazém de congelamento tenha pouco espaço. Não sei se chegará para todos, sobretudo para nós que temos as bancas mais pequenas".