Passavam exactamente cinco minutos das dez horas quando a composição estacionada em Contumil arrancou devagarinho rumo a Fânzeres. O primeiro teste do metro na linha de Gondomar foi seguido, filmado e aprovado por engenheiros e muitos mirones. <br />
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Depois de 20 meses de obra , duas carruagens começaram, ontem de manhã, a "rasgar o canal" da linha laranja (baptizada também com a letra F).
Com umas "orelhas" de esferovite (medida gabarit) para testar as distâncias ao passeio e ao metro que segue em sentido contrário, as composições cumpriram o esperado.
Em alguns pontos, as "orelhas" tocaram ligeiramente, mas o primeiro ensaio dos muitos que vão decorrer até meados de Dezembro foi aprovado.
Nos próximos dias haverá testes com os tram-train (mais altos e mais compridos), ensaios de sinalização, de agulhas, de semaforização, de comunicações e, no final, testes para habilitação dos agentes de condução.
As viagens experimentais deverão começar na segunda quinzena de Dezembro e o início da operação comercial, ainda sem dia definido, acontecerá entre o final do ano e o início de 2011.
Até lá, ultimam-se pormenores na linha que se estende por sete quilómetros, dos quais 950 metros em túnel (entre as estações da Levada e Nau Vitória). A inserção urbana está praticamente concluída, falta acabar passeios, colocar sinalética, painéis informativos e máquinas para venda dos títulos de viagem nas dez novas estações.
Ainda há alguns acertos a fazer, nomeadamente, corrigir os acessos a algumas garagens e proteger o canal, em alguns pontos, de peões e carros por questões de segurança, referiu, ao JN, fonte da Metro do Porto, adiantando que 98% da linha está pronta.
As composições circulam sobre um tapete de relva, projectado pelo arquitecto Bernardo Távora. Ontem, a maioria do canal já estava verde, apenas com os carris à mostra. No total, a Metro criou 123 mil metros quadrados de zonas verdes e está a plantar 2241 árvores e 3693 arbustros e trepadeiras.
A primeira "viagem" na Linha de Gondomar foi registada por muitas testemunhas. António Mourinho, morador no bairro de Contumil, não quis perder o momento. "Quase todos os dias de manhã venho aqui ver a obra. Ontem [anteontem] vi as carruagens ali paradas e percebi logo que iam começar a andar hoje [ontem]", referiu o reformado.
Marco Martins, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, deslocou-se a Contumil, manhã cedo, para fotografar a primeira incursão do metro por terras de Gondomar. O autarca acompanhou os testes durante toda a manhã.
Às 11.20 horas, as composições atravessavam, pela primeira vez, Rio Tinto, com a Polícia a ser obrigada a interromper o trânsito na rotunda das piscinas municipais, uma vez que ainda não há semáforos. "Olhoooó metro", gritava um jovem, enquanto a composição seguia, lentamente, em direcção a Fânzeres.
António Cruz e João Casal, aposentados, aguardavam há mais de uma hora pelos veículos. A espera deu para recordarem os mergulhos que deram, em miúdos, no local onde hoje estão os carris. Ali passava o Rio Tinto, "limpinho e com peixes". Hoje está sujo, mas entubado e longe da vista.