Migrantes que desembarcaram na praia da Boca do Rio ouvidos pelo Tribunal de Silves
Os 38 migrantes que na sexta-feira à noite chegaram a Portugal numa embarcação, que desembarcou na praia da Boca do Rio, no concelho de Vila do Bispo, começaram, este sábado, a ser presentes ao Tribunal de Silves.
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No interior da embarcação seguiam 25 homens, seis mulheres e sete menores, entre os 12 meses e os 16 anos. Ao JN, o major Ilídio Barreiros, da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras (UCCF) da GNR, avançou que os migrantes "são todos presumivelmente marroquinos", sem adiantar quando terão começado a viagem ou de onde terão partido efetivamente.
Foto: GNR
Dez migrantes foram transportados para os hospitais de Faro e Portimão para observação médica. Três crianças, com 1, 8 e 10 anos, ainda se encontram hospitalizadas, acompanhadas pelos pais, no Hospital de Faro. "Estiveram vários dias expostos a condições atmosféricas adversas, estavam francamente desidratados e aparentemente muito frágeis e a preocupação foi socorrer e prestar a assistência imediata necessária", explicou a mesma fonte, acrescentando que se põe a hipótese de os migrantes terem viajado diretamente desde o norte de África.
"Pretendiam vir para a Europa, mas não teriam Portugal como destino. Vieram numa batera, uma pequena embarcação com cerca de 5,5 metros de comprimento e de madeira, que não é possível detetar através dos meios de vigilância da costa", revelou Ilídio Barreiros.
A autarquia ativou os meios que tem disponíveis no Pavilhão Clésio Ricardo, em Sagres, para o caso de ser necessário acolher os cidadãos. "Preparámos tudo para receber todas as pessoas com dignidade. Montámos as camas, preparámos logo as refeições e providenciámos roupa. Já temos o material necessário, com um kit de emergência, para 40 pessoas e foi solicitado para 38. No entanto, acabámos por acolher menos porque dez foram para os hospitais e alguns, os homens, pernoitaram no posto da GNR. Ficaram mulheres e crianças. Tomaram banho, comeram e receberam roupas limpas", contou a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Rute Silva. A autarca disse ainda que todo o dispositivo ficará montado até ser conhecida a decisão do tribunal.
Os migrantes poderão pedir para ficar em Portugal, ao abrigo da proteção internacional. Segundo o major Ilídio Barreiros, nenhum deles declarou que alguém tivesse caído ao mar ou fugido.
Foto: GNR
Na sexta-feira à noite, na sequência de um alerta recebido pelas 20.10 horas, através de um popular que se encontrava nas proximidades, a informar para a chegada de uma embarcação com migrantes, foram de imediato ativados meios do Comando Territorial de Faro e da UCCF. A verificação das autoridades no terreno demorou 17 minutos, segundo Ilídio Barreiros. "A nossa primeira preocupação foi a proteção e a assistência dos migrantes que desembarcaram. Ativamos de imediato os bombeiros voluntários de Vila do Bispo e o INEM que prontamente também reagiram e colaboraram connosco e fizeram de imediato a sua primeira intervenção para garantir a assistência e o socorro", recordou.
Desde 2020, cerca de 150 migrantes entraram em território nacional. A maioria dos desembarques ocorreu no Algarve, em zonas como Monte Gordo e Faro, não sendo comum na zona ocidental da região.