A chuva intensa que se fez sentir esta quinta-feira, no distrito de Braga, não desmotivou a luta dos professores. Cerca de um milhar de docentes encheu a Praça do Município de Braga, depois de uma marcha lenta que começou na Avenida Central.
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"O tempo congelado é para ser contado", gritavam os manifestantes, ao mesmo tempo que pediam "respeito" ao Governo, em vez de "migalhas", numa referência às medidas anunciadas, ontem, que não agradaram à classe. "O que o Ministério da Educação apresentou, ontem, é uma vergonha", atirava um dirigente sindical, em frente ao mar de gente que se concentrou à porta da Câmara de Braga.
É o caso de Cláudia Rodrigues, que se fez acompanhar pelo marido, Luís, e o filho David. "Estou no quarto escalão e deveria estar já no sexto. Também já fui ultrapassada nos concursos por colegas que entraram depois de mim nos quadros", lamentava a docente do 1º Ciclo.
Rosa Pereira e o marido Agostinho Pereira, também, levaram os filhos para a manifestação, "porque a luta também é dos alunos". A professora de Informática, de 42 anos, reclamava "a recuperação do tempo de serviço que [lhes] foi retirado, de seis anos, seis meses e 23 dias".
Além disso, a bracarense criticava o facto de ter sido "prejudicada" quando conseguiu efetivar, em 2009. "Não fui posicionada no meu escalão e regressei ao primeiro. Agora estou no terceiro escalão", relatava ao JN, revelando que o marido, professor de Física e Química, estava ainda numa situação "mais precária". "Como o tempo de serviço que tem, já deveria ser efetivo", defendia a docente.
Pela multidão, foi possível encontrar casos de pessoas já com 40 anos de carreira, que quiseram mostrar "solidariedade" com os colegas, como Teresa Ramôa. "Há professores que andam de terra em terra, sem qualquer estabilidade. E eu vou para a reforma com menos seis anos de serviço", criticava a sexagenária, rodeada por docentes de gerações mais novas.
Aos professores juntaram-se, ainda, pais e técnicos superiores de educação, como Cândida Silva, terapeuta da fala que lutava "contra a precariedade". "Temos pessoas vinculadas muito longe de casa e que têm o direito de conciliar a vida profissional da vida familiar, mas não conseguem", sublinhava a profissional de 37 anos, alocada numa escola em Famalicão, em regime de mobilidade. "O meu futuro é incerto", ressalvou.
Segundo o Sindicato de Professores do Norte, cerca de 90% dos docentes do distrito de Braga terá aderido à greve.