Sindicato disponibiliza minutas para professores reclamarem gastos com a profissão
O sindicato de Professores da Zona Norte exige que os docentes sejam reembolsados pelos gastos com o exercício da profissão. Por isso, a partir desta quinta-feira, passou a disponibilizar no seu site três minutas para que os profissionais possam reclamar junto das direções escolares as despesas com as deslocações entre agrupamentos, internet, eletricidade, tinteiros e outros materiais necessários para as aulas.
Corpo do artigo
É mais uma forma de luta pela valorização da carreira docente. A iniciativa chama-se "Nota Zero - Deixar de pagar para trabalhar" e consiste na disponibilização de minutas para que os docentes possam reclamar juntos das direções escolares os gastos ou os materiais necessários ao exercício da sua profissão. De acordo com Pedro Barreiros, presidente do Sindicato dos Professores da Zona Norte, por ano, em média, os docentes gastam o equivalente a cerca de um mês de salário com a compra de material necessário para as suas aulas. E alerta: "não têm de ser os professores a financiar o ministério da Educação, ainda para mais numa altura de aumento do custo de vida".
"Tudo o que é material de uso corrente e que a entidade empregadora, de acordo com a lei, devia disponibilizar aos trabalhadores são, maioritariamente, os professores a comprar. Tudo o que pretendemos é que, através de um conjunto de minutas, os professores possam entregar nas suas escolas o pedido de material que consideram necessário para o exercício da sua profissão. Aguardaremos para ver se as escolas terão a dotação financeira necessária para suportar isto", detalhou Pedro Barroso.
Segundo o dirigente sindical, no site do sindicato, estão disponíveis três minutas: uma para a reclamação dos custos com a internet e a eletricidade; outra para pedir os recursos necessário ao exercicio da profissão; e uma terceira para "a garantia do transporte necessário para os professores que têm de se deslocar dezenas e dezenas de quilómetros entre escolas" ou, caso os docentes tenham de usar o seu próprio carro, haja o pagamento da compensação prevista na lei.
"Um somatório de nadas"
"Algumas escolas não pagam [as deslocações entre escolas], alegando que não têm capacidade orçamental para o fazer. Há ainda escolas que não pagam os 36 cêntimos por quilómetro, mas 11 cêntimos", revelou Pedro Barroso.
A partir de segunda-feira, segundo Pedro Barroso, serão colocados cartazes e as minutas impressas nas salas dos professores de todas as escolas da zona Norte.
Sobre as propostas feitas pelo ministério da Educação aos sindicatos para a carreira docente, Pedro Barroso diz ter sido "surpreendido" no que toca à alteração ao diploma de concursos. "Verificamos duas situações muito graves. A primeira tem a ver com a vinculação de 10 500 professores com base numa regra dos 1095 dias mais a obrigação de o docente ter um horário completo este ano. Isso é causador de inúmeras injustiças. Há ainda uma frase que tem vindo a ser muito utilizada pelo ministro da Educação e pelo primeiro-ministro, que é a célebre frase de acabar com os professores de casa às costas. O que verificámos no documento é que a nova proposta fará com que professores, muitos deles no final da carreira, tenham de andar com a casa às costas", criticou.
No que toca a outras reivindicações, nomeadamente a recuperação integral do tempo de serviço ainda congelado e a mobilidade por doença, Pedro Barroso nota que não houve qualquer proposta. "Foi um somatório de nadas", lamentou.