Milhares ajudam idosos que arriscavam perder casa por dívidas da filha assassinada
Graças à generosidade de “milhares de pessoas”, Rosa e Aristides Santos voltaram a ser os proprietários da casa onde habitam, em Setúbal, colocada à venda pelo banco numa imobiliária por 165 mil euros, por a filha Rute, de quem eram fiadores, ter deixado de pagar o empréstimo.
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O último donativo, de nove mil euros, encerrou a campanha de angariação de fundos, no dia 17 de junho. A visibilidade mediática do caso foi determinante.
Como o JN noticiou em fevereiro, dez dias após o homicídio de Rute e da filha Maria, a 30 de janeiro, o irmão Nelson apercebeu-se de que a casa dos pais, que tinham acabado de pagar pouco antes de se reformarem, estava à venda, porque Rute acumulou dívidas à banca no montante de cerca de 250 mil euros.
Ao ver os avós devastados, Beatriz, filha de Nelson, propôs fazerem uma campanha de recolha de fundos na internet, que permitiu reunir os 165 mil euros para pagar à imobiliária o valor em causa, no espaço de quatro meses. Além da exposição do assunto nos órgãos de comunicação social, o valor angariado para ajudar o casal a recuperar a casa resultou também do carinho da comunidade por Rosa e Aristides, que foram funcionários da escola de Sesimbra, ao longo de décadas.
Foi graças à solidariedade das “pessoas da terra”, que se mobilizaram para angariar fundos, através da venda de rifas, aulas de ioga, jogos de futebol, bailes de Carnaval, concertos, e até da colocação de mealheiros em lojas, que o casal conseguiu ficar com a casa. Embora mais aliviada, a família não esquece, contudo, a morte trágica de Rute, de 45 anos, e da filha Maria, de 17 anos, assassinadas pelo companheiro José, de 43 anos, que se suicidou após cometer o crime, poupando apenas a vida da única filha em comum, Constança, então com 16 meses.
“Minha querida mana. Ainda não está tudo feito, mas o que era mais urgente está resolvido e o resto está a caminho de se resolver. O mais importante, os pais estão protegidos”, escreveu Nelson, no Facebook, no dia 26 de junho. “E, se me ouvires ou leres algures num plano superior, descansa que o mano velho andará por cá mais uns tempos e, enquanto tiver forças, nunca os deixarei e à tua menina mais pequena sozinhos. Até um dia!”