Milhares de pessoas participaram em mais uma Sexta-Feira 13, em Montalegre, onde as bruxas saíram à rua, os dragões cuspiram fogo, as carroças voaram e gigantescos pássaros assombraram o céu.
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Desde 2002 que a Câmara de Montalegre organiza as "Noites das Bruxas", que decorrem em todas as "sextas-feiras 13", e já fazem parte integrante do calendário cultural da região.
Depois do tradicional jantar "embruxado", realizou-se o espectáculo "Cálice da Alegria", numa encenação do Centro de Criatividade, da Póvoa de Lanhoso, que contou com cerca de 150 participantes, entre actores, bailarinos, acrobatas e figurantes.
O "Cálice da Alegria" narrou a saga de alguns cómicos medievais que chegaram às portas de Montalegre à procura do elixir da alegria.
Recebidos por duendes, diabos, bruxas e outras assombrações, passaram uma louca aventura até chegarem ao Castelo, lugar onde as feiticeiras guardavam o líquido poderoso que "queima as goelas e produz delirantes efeitos do riso".
A esta encenação juntou-se o Padre António Fontes, conhecido pela organização do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, a quem coube o papel de efectuar a reza que "concede poderes esconjurarativos" à queimada.
"Montalegre já há muito tempo que é a Capital do Misticismo e tem a sorte de poder contar com o Padre Fontes, que se tornou no atractivo principal destes eventos. É a ele que se deve esta grande iniciativa, é a figura dele que consegue mobilizar esta gente", salientou o presidente da autarquia local.
Fernando Rodrigues salientou que as sextas-feiras 13 foram são uma "aposta ganha".
A verdade é que quase todos os participantes aderiram à moda das capas negras de bruxa ou bruxo e ao chapéu pontiagudo e serviram também eles para animar uma festa que foi aquecida pela queimada, uma bebida feita de aguardente fervida com maçã e grãos de café.
"Possui ainda uma reza muito grande do padre fontes para nos livrar de todos os feitiços e maus-olhados", afirmou Maria Meireles, de Vila Real.
Esta visitante, que veio pela segunda vez à noite das bruxas, mostrou-se surpreendida pela "grandiosidade" do espectáculo, considerando que se trata de "um bom cartaz turístico" para promover a dinamização económica e cultural do concelho.
Natural de Montalegre, David Teixeira encarregou-se de distribuir a bebida pelos visitantes garantindo que "o ano vai correr bem" a quem beber da mistela.
"A piada da sexta-feira 13 é que cada um consegue realizar aquilo que vem à procura", frisou.
António Macedo vem de Vila Real pela segunda vez mas garante já que regressa na Sexta-Feira 13 de Novembro, porque diz que se trata de um "evento fora do comum".
A noite acabou com a distribuição da queimada por todos os participantes, mas a promoção turística do concelho prolonga-se durante todo o fim-de-semana.
Por exemplo, a empresa "Montes e Encantos", organiza caminhadas pelas aldeias do concelho (por cinco euros por pessoa) e provas gastronómicas e, no Domingo, depois de uma visita à aldeia de Padronelos, os turistas poderão comer pão centeio e vitela assada no forno comunitário da aldeia (por 15 euros).