São locais históricos e com as melhores vistas da cidade do Porto. E todos os dias recebem visitantes, mesmo estando condenados ao esquecimento e abandono.
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Apesar disso, os miradouro da Vitória, do Colégio dos Órfãos, do Monte do Tadeu e das Fontainhas estão referenciados em sites ligados ao turismo, como o Tripadvasior ou o Visit Porto, fazem parte de roteiros organizados por guias e são considerados os "melhores sítios para namorar ou fotografar". A Câmara do Porto garante que estão em marcha projetos para a reabilitação daqueles que ficam situados em espaço público.
1. Miradouro da Vitória
Deviam dedicar mais atenção"
No coração do antigo quarteirão judaico, o miradouro da Vitória é um local de propriedade privada onde é possível ver a Serra do Pilar, o Paço Episcopal ou o Palácio da Bolsa, recebendo centenas de turistas todos os dias. Miguel de Pablo, 69 anos, é de Barcelona (Espanha) e encontrou o miradouro "enquanto passeava pelas ruas do Porto". "Parece estar abandonado, deviam dedicar mais atenção para o tornar ainda mais curioso. Falta um pouco de segurança para as crianças", referiu o catalão.
É um dos locais que estão no roteiro de muitos guias. Inês Faria, 24 anos, termina sempre ali as suas "visitas turísticas e corre sempre bem". Apesar de desvalorizar as condições do miradouro, a guia reconhece que podia estar mais valorizado: "As pessoas vêm aqui e desfrutam imenso da paisagem. Se fosse mais arranjado, talvez passassem aqui mais tempo", explicou. O JN tentou contactar os proprietários do terreno, sem sucesso.
2. Miradouro do Colégio dos Órfãos
"Não tem nada, está maltratado"
Por ali entrou o exército anglo-luso para expulsar os franceses que ocupavam o Porto. Atualmente, a beleza da paisagem e a vista única para a Ponte Maria Pia contrastam com o mato e lixo que por lá se encontram.
"Tiraram os tanques para doar ao colégio", relatou José Marques, 73 anos, que morou toda a vida no Bairro dos Moinhos, mesmo ao lado do miradouro que está referenciado em sites turísticos. "As pessoas chegam ali e despejam lixo, há ratos, ninguém respeita", acrescenta o morador.
Margie e Grarg Paton, 66 e 69 anos, estão em Portugal de férias. São da África do Sul e quando chegaram ao miradouro não esconderam a revolta: "É uma desilusão chegar aqui porque é um local referenciado e depois chegámos e não tem nada, está maltratado", disseram. Não foi possível esclarecer a propriedade dos terrenos onde está o miradouro.
3. Miradouro do Monte do Tadeu
Ponto mais alto precisa de vida
É o ponto mais alto da cidade, mas desconhecido por muitos portuenses. No cimo da escadaria com 60 degraus avista-se a serra de Santa Justa, em Valongo. No século XVIII, padres e frades congregados a São Filipe de Néri possuíam ali uma quinta para o seu recreio. Atualmente, o espaço está fechado, sendo ocupado por um reservatório das águas.
No meio do bulício da cidade, é um sítio onde reina a calmaria. E cheio de história. "Durante as guerras liberais era um dos pontos fortificados", explicou Álvaro Fernandes, 72 anos, que trabalhou na zona muitos anos e agora, reformado, mostra o lugar aos novos que por lá aparecem.
"No cimo daquelas escadas há uma porta que dava acesso para umas cadeiras, só que havia quem fosse lá para dentro estragar as coisas e o sítio foi fechado", contou. "Toda a gente gostava de ver o ponto mais alto do Porto com outra vida", desejou Álvaro Fernandes.
Ao JN, a Câmara Municipal do Porto disse ter "prevista a reabilitação integral da Rua do Monte do Tadeu", ao abrigo do projeto "Rua Direita". A Autarquia esclareceu ainda que se encontra também em fase de contratação "um projeto de reabilitação estrutural das escadas do Monte do Tadeu".
4. Miradouro das Fontainhas
Esquecido e sem movimento
Na emblemática zona das Fontainhas, depois das demolições do Bairro Nicolau na escarpa, o movimento praticamente desapareceu. O espaço nem é dos mais degradados, a vista também deslumbra, mas poucas pessoas passam por ali. A Câmara disse que se encontram "em fase de contratação os projetos de reabilitação, incluindo a reconstituição de todos detalhes arquitetónicos em falta" para a zona envolvente ao passeio das Fontainhas.