Manuel e Maria eram inseparáveis. Desde que Ferreira Novo (como era conhecido entre os antigos companheiros de trabalho) se reformou da Siderurgia Nacional, na Maia, o casal passava todos os momentos junto.
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"Eram muito unidos. Para onde fosse um, ia o outro também", recorda Alvarinho Silva, ex-colega de Manuel Ferreira Novo na Siderurgia. Ontem à tarde, Manuel e Maria morreram juntos no IC2, em Oliveira de Azeméis, quando regressavam a casa em S. Pedro de Fins (Maia) após uma temporada no Sul.
A notícia chocou os vizinhos que já não viam o casal na Rua de Gondão há cerca de três semanas. Reservados, Manuel e Maria trocavam palavras de simpatia a cada encontro e, antes da partida, contaram que iam passar uns dias de férias ao Algarve. "Têm um filho em Lisboa e uma filha que vive na zona de Valongo", indica uma moradora. A seu lado, Idalina aponta para a habitação onde o casal residia: "Desde sempre os conheci aqui", remata. Enquanto a idade e a saúde permitiram, Maria e Manuel (sobretudo depois da reforma) ocupavam-se do cultivo do campo, contíguo à casa.
Diariamente percorriam a pé a curta distância até à padaria, onde o casal falava da vida, dos filhos e lembrava histórias do passado. Alvarinho Silva guarda a memória de um "bom colega": "Ferreira Novo veio de Angola para S. Pedro de Fins. Sempre trabalhou na Siderurgia. Ele era condutor de máquinas e rebocava o material para o interior da fundição. Era um bom funcionário. Até trabalhava de mais".