<p>Um antigo emigrante no Luxemburgo morreu, ontem, segunda-feira, em Carapinheira do Campo, após queda da sua viatura numa vala cheia de água, a uma altura de cerca de cinco metros da Estrada Nacional 111. A mulher que o acompanhava ficou ferida.</p>
Corpo do artigo
"Vivo aqui há muitos anos, já assisti a vários acidentes nesta estrada e alguns graves, mas nunca tinha visto coisa assim. Como é que isto foi acontecer?", questionava Manuel Almeida, em conversa com um vizinho, também ele sem encontrar explicação para a brutalidade do acidente que vitimou António Oliveira Ferreira, de 62 anos, reformado, residente em Santana, concelho da Figueira da Foz.
O próprio 2º comandante dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho (BVMM), Licínio Serrano, habituado a lidar com sinistralidade grave, tinha dificuldades em descrever, ao JN, o acidente. "Isto é uma estrada larga, numa recta, com excelente visibilidade [sentido Montemor-o-Velho - Coimbra]. Não percebo como é que o homem fez uma coisa destas. Não embateu contra ninguém. Ninguém sabe o que se terá passado. Só a autópsia poderá ajudar a esclarecer. Porventura terá sido um problema de saúde ou então algum problema mecânico", afirmou.
Conforme descreveram ao JN várias testemunhas no local, o Seat Leon, com matrícula de 2003, terá começado estranhamente a circular pela berma da estrada, embateu depois numa pedra e, de seguida, num resto de tronco de oliveira. A partir daí a viatura terá começado sucessivamente a capotar, numa extensão superior a cem metros, por entre ervas de grande altura, vindo a imobilizar-se numa vala, numa zona cerca de cinco metros abaixo da estrada.
O carro, conforme o JN pôde confirmar no local, ficou com as rodas viradas para cima, facto que deixou a sobrevivente em estado de choque, uma vez que entretanto a viatura começou a ficar com água e lama.
Ao JN, uma testemunha, que se encontrava a cerca de 200 metros do local do acidente, contou que "foi tudo tão rápido quanto estranho": "Ouvi três grandes estouros. Viemos logo todos a correr. Quando aqui chegámos, já um motorista de um camião estava, com outras pessoas, a tentar retirar a senhora do automóvel, que se encontrava em estado de choque".
A mesma testemunha disse ainda que "a mulher, que devia ter quarenta e poucos anos, só dizia que não percebia como é que isto tinha acontecido, porque vinha a conversar normalmente com a vítima e esta, de repente, deixou de falar e foi aí que o carro saiu da estrada, dando-se esta tragédia".
"A senhora, apesar de muito nervosa, contou que o companheiro poderia ter tido algum problema de saúde, uma vez que, segundo ela, ele sofreria de problema de epilepsia", referiu a mesma fonte.
De acordo com o 2º comandante dos BVMM, a mulher sofreu apenas ferimentos ligeiros no braço direito.
No local, além dos BVMM (três viaturas e dez efectivos), esteve uma equipa da GNR especializada em acidentes rodoviários.
Ao JN, João Patrício, conterrâneo da vítima, contou que António Ferreira era uma pessoa estimada em Santana. "Ele andou uns anos no Luxemburgo, regressou há cerca de quatro anos. Estava divorciado. Vivia com outra senhora e deixa filhos. Já tinha perdido um filho quando ele era muito pequenino, vítima de doença".