A diocese de Bragança-Miranda vai voltar a ter um mosteiro no seu território, mais precisamente na aldeia de Palaçoulo, o que não acontecia há vários séculos.
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O momento é considerado "histórico na vida da diocese, de Portugal e da Igreja", pelo bispo D. José Cordeiro, que na quarta-feira participou na apresentação do projeto preliminar do mosteiro, que custará seis milhões de euros. O prelado classifica-o ainda como a concretização de "um sonho em Terras de Santa Maria".
Apesar das propostas de vários países, foi Palaçoulo a localidade escolhida pelas monjas da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, também conhecida como "Trapista", fundada em 1098, cuja sede é o Mosteiro Vitorchiano, em Itália. O autarca mirandês, Artur Nunes, deposita grande esperança no projeto que dará "maior visibilidade a este lado da diocese, onde está instalada a concatedral" e que confere "maior projeção ao concelho".
O processo está em marcha há mais de um ano. As monjas já haviam decidido instalar-se em Portugal no contexto do centenário das Aparições em Fátima. "A minha presença em Roma, com os monges beneditinos, proporcionou o encontro e foi a partir daí que tudo aconteceu. O pedido inicial é que fosse um local com água", contou D. José Cordeiro.
Foram apresentadas às monjas outras propostas pela diocese, nomeadamente em Vinhais, Cortiços e Ribeirinha (Macedo de Cavaleiros), mas "uma luz apareceu nas Terras de Miranda do Douro", disse D. José. As monjas, que pela primeira vez se vão instalar em Portugal, procuravam um local que propicie o silêncio, o recolhimento, a liturgia, a oração e a paz.
O padre António Pires, pároco de Palaçoulo, encontrou-o. Um local que o arquiteto do projeto, Pedro Calado, diz "que pede um mosteiro".
Obra para avançar em 2018
A aldeia de Castro de Avelãs, em Bragança, teve um mosteiro beneditino, que existiu durante 400 anos, acabou por ser extinto em 1545. Agora, 472 anos depois, a diocese está à beira de ver edificado um novo mosteiro. A obra deverá ser lançada no início de 2018. O mosteiro terá capacidade para 40 monjas. Num primeiro momento receberá apenas 10, que virão do mosteiro italiano. A Ordem é autossuficiente e os seus elementos trabalham para o sustento. Neste caso vão construir também uma hospedaria destinada aos visitantes e turistas, que será a principal fonte de receitas.
A madre abadessa do Mosteiro de Vitorchiano, Rosaria Spreafico, explicou que vivem do labor do trabalho, mas serão elas a suportar o financiamento do projeto. "Vivemos das nossas mãos. Não somos capitalistas ainda que já tenhamos verba para começar a obra. O restante contamos com a providência. Nunca nos faltou", afirmou.