Motorista nega jovem em cadeira de rodas: "Disse que só transporta passageiros, não mercadoria"
Motorista de operadora de transportes Free Now recusou-se a levar jovem em cadeira de rodas em Lisboa.
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Um motorista de uma plataforma de transporte de passageiros em veículo descaracterizado recusou-se a transportar um jovem em cadeira de rodas, em Lisboa. "O condutor disse que não tinha de levar a cadeira porque só transporta passageiros, não leva mercadoria", lamentou esta quinta-feira ao JN Lourenço Miguel, 21 anos, que diz que não é a primeira vez que se sente discriminado. "Já ouvi de tudo, já me disseram que não são obrigados a transportar pessoas do meu tipo". A Associação Salvador diz que recebe "dezenas de queixas diárias".
Sempre que Lourenço se prepara para chamar um serviço de transporte automóvel já teme o pior. "Já aconteceu passarem por mim, verem a cadeira e irem-se embora", conta. Há uma semana, voltou a passar por uma situação semelhante com a operadora Free Now, quando pediu um carro para se deslocar ao hospital, mas, diz, "desta vez foi mais grave".
"Foi mau porque houve agressão verbal. O motorista começou por dizer que não tinha de transportar nada que não fosse o passageiro e depois disse que para ir com ele tinha de pagar por fora o preço de um carro XL (mais caro), o que é ilegal. Foi discriminação e má formação", diz Lourenço, que acabou por chegar 40 minutos atrasado ao hospital onde faz tratamentos por causa da sua doença neurológica rara que lhe limita a mobilidade.
Dizem que suja o carro
O estudante universitário diz ainda que "os motoristas são obrigados a transportar qualquer tipo de passageiro a não ser que seja impossível por ser um carro muito pequeno", o que não era o seu caso. "A cadeira cabia na parte de trás da carrinha, que tinha sete lugares", explicou. O jovem, que já fez "centenas de queixas" e agora apresentou queixa à polícia, contactou várias operadoras para as quais este motorista trabalha que disseram que "iam averiguar a situação".
O JN pediu esclarecimentos à Free Now, mas não obteve resposta.
A Associação Salvador diz que "os motoristas argumentam que a cadeira lhes vai sujar o carro, que não têm de carregar aquele tipo de coisas, que vão sozinhos porque também têm rodas como o carro". "Infelizmente acontece todos os dias".