Apesar do despacho do IGESPAR para abertura do processo de classificação, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, a quem caberá a decisão final, já veio garantir que a linha “não vai interferir com a barragem”. As declarações de ministra, feitas na última sexta-feira à margem da inauguração do museu do Côa, deixaram preocupados os subscritores do requerimento.
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“Estamos chocados com as declarações da Ministra”, diz Daniel Conde, do Movimento Cívico da Linha do Tua (MCLT) e um dos subscritores da petição. “É de facto extraordinário assistir uma Ministra da Cultura a sair desesperadamente em socorro de uma barragem e contra um património nacional reconhecido pelo IGESPAR e pela Associação Portuguesa do Património Industrial (consultora da UNESCO em Portugal) como excepcional, na altura em que inaugura um Museu singular no mundo inteiro, num local que se tornou Património da Humanidade graças à não construção de uma barragem”, afirma.
Este elemento do MCLT “convida” mesmo Gabriela Canavilhas a “retratar-se e a demitir-se imediatamente, pois é absolutamente indigna do cargo que ocupa”.
Para Daniel Conde, a barragem do Tua “é não apenas inútil, é um atentado e uma pedra tumular sobre o desenvolvimento de Trás-os-Montes”.
Com este reconhecimento do IGESPAR, já patente no Estudo de Impacte Ambiental da barragem do Tua, “pensamos ser tempo de dizer que não se admitem mais dúvidas nenhumas em qualquer sector que seja sobre o papel da Linha do Tua e o que deve ser feito para a sua reabertura, modernização e prolongamento imediatamente”, conclui.
Também a primeira subscritora da petição ficou preocupada com as declarações da ministra. “Ela assume a barragem como um acto consumado quando isso não é verdade e ainda decorre um processo de consulta pública de estudos de impacto ambiental até ao dia 6 de Agosto”, diz Manuela Cunha.