População reclama dos contentores que transbordam. Câmara pondera rescisão de contrato. Luságua admite "atrasos pontuais".
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António Cunha, habitante de Trute, Monção, tem sacos de lixo acumulados em casa há vários dias. O contentor instalado na sua rua transborda com a tampa já levantada. "Esse lixo já está aí há quase uma semana. Normalmente devia ser recolhido duas vezes por semana, mas não é. Isto só acontece agora. Antes vinham sempre recolher, mas agora há um tempo que não vêm. Não sei o que é que se passa", desabafa.
Um "problema na recolha" dos resíduos sólidos urbanos (RSU), afeta aquele concelho desde os últimos meses do ano passado. Em causa está a mudança da empresa responsável pelo serviço, que até dezembro estava entregue à SUMA. E que, pelo limite legal da renovação contratual, foi concessionado, por concurso público, a outro operador, a Luságua. A nova firma assumiu o serviço em janeiro, mas entretanto, na transição entre uma e outra, espalhou-se "o caos" naquele município. O lixo ficou acumulado nos contentores e ao redor, na vila e nas aldeias, "durante dias e, em alguns casos, semanas e meses", segundo a população.
Idalina Fernandes vive em Pias e tem junto a sua casa, a escassos metros, dois contentores de lixo. Queixa-se do acumular de resíduos à sua porta. "Houve aí um tempo que acumulou até no chão. Agora já passam, mas acho que está a funcionar mal", refere. Diz que "ainda bem que não é no verão, porque se fosse era uma epidemia, os cheiros incomodam muito".
E a vizinha de Idalina, Maria Alice, também deu pela falta da recolha. "Notei que houve uma temporada que não vieram. Havia lixo por todo o lado. Agora já têm vindo descarregar os contentores, mas mal o carro passa, ficam logo cheios", constata.
Empresa fala em condicionantes
O presidente da Câmara de Monção, António Barbosa, admite que o concelho atravessou um cenário "caótico" nos últimos meses do ano. Refere que "o serviço tem melhorado" e que a empresa "ainda está numa fase de adaptação", mas que ainda assim a rescisão do contrato com a Luságua está em cima da mesa. "A Câmara pondera tudo. Se porventura não houver uma normalização total do serviço, com cumprimento integral do contrato, admitimos avançar para a rescisão", disse ao JN.
A empresa refere, sem especificar, que "condicionantes no terreno, alheias à Luságua, justificam atrasos pontuais que possam estar a ocorrer na recolha de resíduos". Acrescenta que está "atenta à situação e em contacto permanente com a Câmara, que tem acompanhado regularmente a operação e contribuído para que a situação seja regularizada".