O objetivo é promover o transporte público, conferindo-lhe melhores condições de circulação e libertar o trânsito da Baixa, sobretudo em horas de ponta.
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A Câmara do Porto tem procedido a diversas empreitadas e alterações no trânsito da cidade nem sempre do agrado de moradores e comerciantes. Na Rua de Antero de Quental, está instalada a revolta e amanhã será entregue mais um abaixo-assinado na Autarquia contra as mudanças na circulação.
Em causa, está o facto de a via de trânsito destinada ao sentido sul-norte, entre a Praça da República e a Rua Damião de Góis, ter passado a ser reservada em exclusivo à circulação de veículos de transporte público, motociclos e ciclomotores. As alterações entraram em vigor anteontem, mas moradores e comerciantes contestam.
"É inadmissível uma coisa destas! O comércio tradicional já está tão mal e agora impedem que veículos automóveis possam circular e parar junto dos estabelecimentos comerciais? Até tenho uma montra grande, mas agora ninguém a vê", protesta Fernanda Almeida, proprietária de um pronto a vestir.
A circulação no sentido norte-sul, em direção à Baixa, não sofreu alterações mas foram eliminados alguns lugares de estacionamento à superfície de forma a que se criassem bolsas de paragem para cargas e descargas nos períodos horários das 10 às 17 e das 19.30 às 8 horas, por tempo limitado. "Para saírem das garagens de casa, os moradores que queiram seguir para norte têm de descer vários metros até à Lapa e subir a Rua de Camões. Isto não faz sentido", considera António Ferreira, residente.
"Não fomos ouvidos"
Os reparos vão também para a sinalética, com alguns sinais inicialmente colocados em frente de portas de entrada, impedindo a saída de moradores em caso de emergência. "O braço de ferro com a Câmara tem algumas semanas, porque tudo isto foi decidido sem que as pessoas fossem ouvidas. Alguns moradores e comerciantes foram convocados em dezembro para uma reunião nos bombeiros para a apresentação de um projeto já decidido", salienta Fernanda Almeida.
Um primeiro abaixo-assinado com 400 assinaturas foi entregue na Câmara do Porto. "Falamos com o arquiteto Manuel Paulo Teixeira, responsável pela Mobilidade, e ele garantiu-nos que a circulação no corredor seria permitida para comerciantes e moradores. Até hoje!", acrescenta a comerciante, que amanhã entregará novo protesto escrito.
A Câmara do Porto explicou ao JN que a criação de um corredor bus no sentido de sul/norte (saída de cidade) naquela rua, constitui a segunda fase da intervenção recentemente concluída na Rua de Camões, onde os dois sentidos que foram criados permitem dividir os fluxos viários de saída de cidade.
Com as alterações em ambas as artérias, antecipadamente anunciadas em circular aos munícipes residentes na rua, também são esperados "impactos muito positivos ao nível da melhoria dos tempos de percurso na rede STCP, nomeadamente nas linhas 304, 600 e 703". A autarquia explica que a intervenção insere-se "no âmbito de um conjunto de medidas tendentes a facilitar a saída de automóveis da Baixa e a melhorar globalmente o trânsito na cidade".
Apontamentos
Objetivos
Pretende-se com as alterações que o aumento da velocidade comercial da STCP acompanhe o aumento da procura de passageiros verificável nas linhas 304 (+11,2%), 600 (+2,3%) e 703 (+5,5%) desde o início do ano.
3,5 milhões
Estas três linhas (304/Trindade-Santa Luzia; 600/Aliados-Maia-Barca; 703/Cordoaria-Sonhos-Ermesinde) transportam cerca de 3,5 milhões de passageiros por ano.
Fernão de Magalhães
O método utilizado em Camões/Antero de Quental será utilizado na Avenida Fernão de Magalhães.