Ao trabalho junta-se o convívio. Os dois aliam-se no projecto “Mulheres de Bucos” que reaviva a tradição do trabalho com a lã, em Cabeceiras de Basto. Dez mulheres integram um projecto cujo objectivo é preservar a tradição do trabalho com a lã.<br />
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Todas as quintas feiras Ilídia, Ana, Maria Teresa, Elisa, Adelaide, Ana Brás, Teresa de Jesus, Maria Simões, Maria Gonçalves e Conceição juntam-se para pôr a conversa em dia e esguedelhar, tecer, urdir, cardar, ensarilhar, dobar, encher canelas e tricotar a lã.
“Somos todas de cá, já nos conhecemos todas” diz Adelaide Fernandes enquanto vais desfiando o monte de lã que está à frente das mulheres. Enquanto duas tecem as outras desempenham outras tarefas.
O Museu da Lã ganha vida todas as quintas-feiras à tarde quando as mulheres da aldeia decidem reviver a tradição do trabalho com a lã. “Dantes era quase tudo feito em lã mas agora já não se usa muito”, continua Adelaide sem abandonar a tarefa.
Mas, Ilídia Gomes desde sempre trabalha com a lã por isso continua a fazer o que lhe pedem. “Há pessoas que me conhecem e costumam vir. Faço muito na altura do Natal”, adianta.
Ilídia é uma das mais velhas do grupo que mantém vivo o costume e que nunca parou de trabalhar com a lã. “Se fizer vendo porque se cruzar os braços é que não faço nada”, atira.
“Esta é uma tradição que a Câmara não quer deixar morrer e decidiu dar força a um grupo de mulheres dando às peças uma maior contemporaneidade”, adiantou Domingos Machado, vereador da Cultura na Câmara de Cabeceiras de Basto.
Segundo o autarca foi convidada uma estilista para aplicar algum design às peças produzidas de modo “a chegar a novos públicos”. Xailes, gorros, echarpes, coletes, tapetes e até pequenas peças de decoração são alguns dos objectos que se podem apreciar no Museu da Lá. Foram confeccionados pelo grupo.
Depois de lavar e secar a lã, é cardada e fiada e, só depois ensarilhada. Pode chegar ao tear ou então pode ser tricotada…depende da peça. “Eu tenho sempre a função de tecer. Aprendi com uma irmã mais velha e comecei com 15/16 anos”, diz Ana Pires enquanto explica técnica de tecer descalça.