O Museu do Douro apresenta hoje o núcleo de Favaios. É dedicado ao pão e ao vinho daquela Aldeia Vinhateira, mas o seu âmbito será o da região, com uma acção centrada na promoção do que de melhor ela tem.
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A promoção das aldeias é uma das apostas. Com palavras e actos. Através da arte e da cultura. O pólo de Favaios do Museu do Douro inaugurou este modelo em São Mamede de Ribatua, Alijó, mas o projecto vai abranger muitas mais.
Calhou que o dia estava bom, que era fim-de-semana e que as pessoas de bom grado saíram à rua. Sem pessoas não se faz nada e nada se faz se as não tiver, também, como destinatário final da iniciativa.
No auditório do quartel dos Bombeiros Voluntários de Ribatua, cujo conjunto de cadeiras em madeira, presas umas às outras, recorda que há muito ali se faz arte. Como a do Grupo Dramático Ribatuense, que começou o périplo com uma pequena amostra da peça de teatro que acaba de estrear.
Sem pressas, a dois passos dali entrou-se na Capela do Senhor do Calvário, para a historiadora de arte, Patrícia Morais, explicar a talha dourada barroca do estilo joanino que embeleza o "riquíssimo" altar-mor.
Seguiu a visita, passando pelo chafariz e pelo nicho do Senhor dos Aflitos, até à Igreja Matriz onde já esperava a Banda Filarmónica mais antiga do país, a de São Mamede de Ribatua, com 210 anos de existência. O orgulho da freguesia, "símbolo maior do património desta terra", considerou a organização.
À entrada, a mesma historiadora explicou a vida e a obra de José Joaquim Teixeira Lopes, personalidade da freguesia nascida em Ribatua em 1837 e falecida em Vila Nova de Gaia, em 1918. Foi autor do "baptistério", retábulo em gesso que transporta a imaginação para o baptismo de Jesus Cristo no rio Jordão.
Passaram poucos minutos, a organização pediu à assistência, ali mais farta de fregueses, para "fechar os olhos, para se concentrar e meditar, para assistir a um momento único". Muitos acederam, a banda entoou sons graves, fortes de emoção. Poucos resistiram sem despregar as pálpebras antes da actuação acabar.
E uma vez acabada, a viagem seguiu por entre a aldeia prenhe de recantos de grande beleza, subindo a romaria pelas escadas cavadas na rocha, até à ponte e via romana de São Mamede de Ribatua. Ali, o arqueólogo Tiago Gomes explicou que naquela época "até o útil devia ser belo", referindo-se aos dois arcos de volta perfeita que a distinguem.
O caminho continuava e levava o público ao centro cívico da localidade, que é como quem diz, à praça do pelourinho - São Mamede de Ribatua foi sede de concelho até 1837. E lá Tiago Gomes explicou aos da terra e aos que vieram de fora dela, a história e estórias de que a praça guarda memória.
Aproveitou o presidente da Junta de Freguesia, António Taveira, para congratular o Museu do Pão e do Vinho de Favaios, núcleo do Museu do Douro, pela iniciativa e pela "forma diferente de mostrar as principais pontos de interesse da aldeia".
Aquele pólo museológico vai ser apresentado hoje à tarde, mas ainda não há certezas de quando vai abrir as portas ao público. Na agenda de trabalho está a realização de mais iniciativas como a de São Mamede de Ribatua. No concelho de Alijó e fora dele. Para promover o que de melhor têm as aldeias do Douro e, claro, chamar turistas.