Bombeiros de Santa Marinha do Zêzere reuniram ontem, sábado, famílias das dez crianças que nasceram numa maca a caminho de Penafiel. Ideia de criar laços vai continuar.
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Inês, por esta hora, deve andar a brincar com a boneca e os dois cavalinhos de plástico que, ontem, recebeu das mãos dos Bombeiros Voluntários de Santa Marinha do Zêzere, Baião, que, há cerca de três anos, fizeram o seu parto numa ambulância da corporação.
Como Inês, a irmã, Bruna de sete anos e outros oitos meninos e meninas, duas das quais primas, também receberam prendas de Natal oferecidas por "pessoas grandes vestidas de vermelho", mas sem barba branca.
Estes homens e mulheres (leia-se bombeiros), ajudaram a vir ao mundo estas dez crianças numa maca de ambulância. Dez partos desde 2004.Verónica Isabel Carvalho, Maria Adelaide Pinto, Luís Miguel Azevedo, Vitória Maria Nogueira, José Luís Pinto, Lara Beatriz Caetano, Luana Sofia Pinto, Diana Beatriz Monteiro e Inês Rafaela e Bruna Filipa Gonçalves nasceram em ambulâncias.
A distância de 60 quilómetros de Santa Marinha do Zêzere para a maternidade mais próxima (em Penafiel) ajuda a explicar estes casos. Mas não explica tudo. Partos prematuros, contas dos dias mal feitas e vontade da "mãe natureza", são outras justificações arrancadas aos pais das crianças.
"Para os vossos filhos, que são também nossos, as maiores felicidades", atirou, ontem ao cair da noite, José Miranda, comandante da corporação de Santa Marinha do Zêzere. Se nada falhar, de futuro, será sempre assim. Todos juntos a celebrar o "nascimento na maca". O objectivo é que "não se perca os laços de afectividade".
José Alves já é conhecido no meio com "bombeiro parteiro". À sua conta já fez quatro partos. "É uma emoção muito grande sempre que nos cruzamos com as crianças", conta. O nervoso inicial do primeiro parto "ainda ataca, mas hoje é diferente".
Momento de aflição aconteceu no parto de Bruna. "A menina tinha o cordão umbilical à volta do pescoço. Confesso que aí tive receio. Pedi à mãe para ter calma e em contacto telefónico com o INEM resolvemos o problema", relata José.
O brilho que saltou do olhar do "bombeiro parteiro" inundava o salão nobre. Uma fotografia aqui, um grande plano para a televisão acolá. Todos rasgaram o sorriso para mais tarde recordar. A felicidade de Inês era tão grande que não coube dentro do quartel. Foi a correr com a prenda nas mãos brincar para o exterior. O frio, três graus abaixo de zero, foi depois atenuado com a ceia de Natal.