Começa hoje, sexta-feira, em Alpendorada e Matos, Marco de Canaveses, a II Bienal da Pedra. O sector do granito tem conseguido escapar à crise geral.
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Agostinho Couto, 40 anos, começou novo a trabalhar nas pedreiras. Há duas décadas fundou a Granitos do Norte e, só no ano passado, registou uma facturação de dois milhões de euros.
O empresário, que se levanta às seis e meia da manhã e só volta a casa "quando o trabalho está feito", é o rosto de uma indústria que monopoliza cerca de metade do território do Marco de Canaveses. E que consegue escapar à crise.
"Em alguns casos houve um ligeiro ajuste nos preços, mas só isso. Não há despedimentos nem empresas a fechar", observou Domingos Neves, presidente da Junta de Alpendorada e Matos, que a partir de hoje e até domingo recebe a segunda Bienal da Pedra.
A iniciativa decorre junto ao estádio da vila de Alpendorada. E se a crise vai passando ao lado do sector da extracção, transformação e comercialização da pedra, os empresários queixam-se, isso sim, de algum abandono por parte das entidades oficiais.
Desde logo, reclama-se a construção do IC35, prometido por sucessivos governos, mas nunca concretizada. "Daria um impulso gigante no sector, o que até significaria um aumento nos impostos que o Estado iria arrecadar. Tenho clientes no Porto que vão à Galiza ou a Ponte de Lima, porque dizem que Alpendorada é muito longe", diz Agostinho Couto, que emprega 50 pessoas na Granitos do Norte.
No Marco de Canaveses existem 150 empresas no sector extractivo, que dão trabalho a quatro mil pessoas. Na dependência daquela indústria, directa ou indirectamente, estão 16 mil. Anualmente, o negócio movimenta cerca de 250 milhões, sendo que 750 mil toneladas de granito são para exportação.
Agostinho Couto manda 30% do que produz para o exterior (sobretudo França, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos). "Muito do material segue em camiões. Mas é um problema para virem cá", desabafa Agostinho Couto.
Longe vão os tempos em que começou, "com um investimento inicial de 100 contos (500 euros), que deu para comprar três discos de diamante". "O vendedor ofereceu-me uma rebarbadora e a minha mãe emprestou-me 50 contos", recordou.