A Câmara de Cinfães tem dois apartamentos T2 e T3 mobilados e equipados para ceder, a custo zero, a médicos que queiram fixar-se no seu concelho. No entanto, apesar da oferta tentadora, as casas estão há dois anos às moscas por falta de interessados.
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"As pessoas têm compreendido, pelo menos até agora, que os apartamentos estão devolutos por uma boa causa. Mas não podemos continuar assim por muito mais tempo", desabafa o autarca José Manuel Pereira Pinto a propósito das casas T2 e T3 totalmente equipadas e mobiladas.
A manter-se a indiferença dos médicos perante a oferta da Câmara Municipal de Cinfães, os apartamentos, que distam menos de 200 metros do centro de saúde e da futura Unidade de Cuidados Continuados, poderão ser disponibilizados a quem precise de casa.
"Ou até vendidos. Afinal, num tempo de crise em que é preciso reunir receitas, Cinfães não será a primeira nem a última câmara a ter de alienar património", avisa o autarca. Pereira Pinto justifica a perda mensal, nos últimos dois anos, dos quase 500 euros que adviriam das rendas dos apartamentos, com a "necessidade imperiosa" de atrair médicos para o concelho de Cinfães.
"O quadro clínico do centro de saúde não está preenchido, criando dificuldades no atendimento de utentes, e ainda em Setembro vimos fechar Tendais, uma das seis extensões de saúde do concelho", recorda em declarações ao Jornal de Notícias.
O crescente envelhecimento da população, que segundo os últimos censos é de 20 428 habitantes, preocupa o autarca. "Precisamos de clínicos gerais que façam a cobertura das nossas aldeias. A saúde das pessoas não pode estar em causa", avisa.
A ideia de disponibilizar casas para fixar médicos não é nova. "Na década de 80, com o mesmo sistema, atraímos cinco clínicos. Três deles ainda cá estão", lembra Pereira Pinto. "Cinfães dista 80 quilómetros do Porto e outros tantos de Viseu. Uma hora de viagem em qualquer dos casos. Não estamos no fim do mundo e temos boa qualidade de vida para oferecer", conclui.