Em Guimarães, organização cancelou cortejo do Pinheiro e vai lançar forte apelo para que se festeje em casa. Pregão e danças serão online.
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A emblemática noite do Pinheiro, em que dezenas de milhares de estudantes e antigos alunos invadem as ruas de Guimarães a tocar caixa e bombo, vai ser celebrada à varanda. O cortejo que todos os anos chega a juntar cerca de 100 mil pessoas na noite de 29 de novembro é o maior número das Festas Nicolinas, as mais antigas e participadas celebrações de estudantes do Ensino Secundário de Portugal.
A Comissão de Festas Nicolinas e a Associação dos Antigos Estudantes do Liceu de Guimarães /Velhos Nicolinos (AAELG) preparam-se para lançar uma campanha de apelo para que os vimaranenses fiquem em casa na noite do Pinheiro. O objetivo é que cada nicolino saia à janela ou varanda, às 23 horas, para um simbólico toque que levante bem alto o som da tradição que não esmorece. O vídeo da campanha só vai ser gravado hoje, mas fonte próxima do processo confirmou ao JN que este é o modelo definido e que "nenhum dos números vai acontecer no formato tradicional".
O maior evento das festas, o Pinheiro, é o que causa maior preocupação à proteção civil e organização. Teme-se que haja quem queira sair à rua na noite do cortejo, daí que a organização e as associações nicolinas estejam a preparar o forte apelo de desmobilização. Será "um texto forte para desmobilizar as pessoas de virem para a rua nessa noite", garante José Ribeiro, presidente da AAELG. "A existência de grandes ajuntamentos, cortejos ou desfiles é impensável. Um cortejo mobilizador como o do Pinheiro é impensável", refere André Alves, presidente da Comissão de Festas Nicolinas deste ano.
"Festejem em casa" é, por isso, a mensagem que vai ser passada até à noite do cortejo, uma vez que ninguém quer que a tradição se interrompa, mas também ninguém ignora os efeitos dos ajuntamentos que a celebração, nos moldes tradicionais, comportaria. Quanto ao pinheiro, a árvore que habitualmente é seguida pelo cortejo, vai ser enterrado junto ao monumento nicolino, como manda a tradição, mas em hora e moldes que estão por definir e que podem não ser divulgados para não incentivar a que o sigam.
As redes sociais vão desempenhar um papel importante não só no Pinheiro, mas também nos restantes eventos. O JN sabe que o pregão está a ser escrito, mas não vai ser apregoado em cerimónia pública na varanda da Câmara, como é habitual. Em vez disso, está em cima da mesa a realização de uma ou duas récitas privadas, na Câmara e no liceu, com transmissão online. O mesmo acontece com as Danças de São Nicolau, que vão ser à porta fechada, sem público, e transmitidas através das redes sociais.
Os restantes eventos, como as novenas, posses/magusto, maçãzinhas, roubalheiras e baile nicolino, ainda não têm moldes definidos, sendo certo que nunca se realizarão na versão tradicional, para evitar ajuntamentos.