Infraestrutura vai servir para investigação e desenvolvimento de motores a hidrogénio. Objetivo é que possa receber voos comerciais no futuro.
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É mais uma tentativa para reativar o aeródromo da Chã, no concelho de Alijó. A Câmara Municipal vai celebrar um protocolo com a empresa Flying Equipment Skyline Lda e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). O objetivo é desenvolver e testar motores a hidrogénio, por exemplo.
Trata-se um "uma pérola do concelho", assume o presidente da Câmara, José Paredes, pois é "uma infraestrutura com muitas potencialidades", mas que está "abandonada há várias décadas". Nos últimos 20 anos houve várias tentativas para reabilitar o aeródromo, mas "não foi possível porque exige um grande investimento", que é "incomportável para os cofres municipais".
A autarquia alijoense está a trabalhar, há cerca de ano e meio, com a Flying Equipment Skyline Lda. Segundo José Paredes, a empresa desenvolve atividade de "testagem e desenvolvimento de motores movidos com novos combustíveis, como o hidrogénio" em colaboração com diversas instituições de ensino superior.
Aproveitando fundos comunitários no âmbito da transição energética, a empresa privada desenhou um projeto para o aeródromo da Chã. "Na fase inicial prevê a reabilitação e pavimentação da pista maior, que tem cerca de 1600 metros. Numa fase seguinte vai ter uma pista verde destinada ao desenvolvimento de equipamentos também verdes (não poluentes)", explica José Paredes. O autarca acrescenta que "não está excluída a hipótese de ter nas imediações do aeródromo uma unidade de produção de hidrogénio".
Projeto cria emprego
A assinatura do contrato entre a Câmara de Alijó, a Skyline e a UTAD deverá acontecer em breve. O Executivo autárquico aprovou por unanimidade a proposta e a Assembleia Municipal vai ficar a conhecê-la na reunião da próxima sexta-feira, 29 de abril.
O projeto arranca com as três entidades, mas José Paredes diz que vai ser "dinâmico" e "terá de estar aberto a outros investidores que queiram associar-se". Se tudo correr como previsto, "vai beneficiar muito o concelho de Alijó, mas também toda a região transmontana e duriense". Isto porque "estando vocacionado para a investigação", poderá vir a acolher "estudantes da UTAD ligados à aeronáutica e à agricultura de precisão".
A Câmara de Alijó tem "muita esperança" neste projeto. O autarca acredita que "vai criar empregos em várias áreas", tendo em conta que a Skyline tem ligações a empresas de outros países europeus e "pode atrair capital estrangeiro e mão-de-obra muito qualificada".
Boa localização
O aeródromo da Chã foi escolhido para esta parceria pela sua localização e pelas condições meteorológicas que ali se registam. É um espaço completamente desimpedido e sem obstáculos à volta, com visibilidade a 360 graus.
Combate a incêndios
A zona industrial de Alijó, situada nas proximidades do aeródromo da Chã, também poderá vir a beneficiar da reativação daquela estrutura, que também poderá ser usada em manobras de prevenção e combate a incêndios rurais.
Um trunfo chamado centralidade
A participação da autarquia alijoense neste projeto resume-se à cedência do espaço do aeródromo, que será sempre gerido pelo Município. "Fizemos questão de não abdicar disso", garante José Paredes. Outra condição é que todo o desenvolvimento que venha a ocorrer na infraestrutura, "não deve impossibilitar, no futuro, o seu uso numa vertente mais comercial e turística". A ideia é que possa vir a servir como aeródromo regional, dada a sua centralidade na região de Trás-os-Montes e Alto Douro e a sua proximidade ao Alto Douro Vinhateiro que é Património Mundial desde 2001 e que recebe centenas de milhares de visitantes por ano.