Unidade de triagem automática da Lipor, em Gondomar, que representa um investimento superior a um milhão de euros é inaugurada esta quarta-feira.
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As flores deixadas nos cemitérios também são lixo. Só no ano passado, a Lipor recebeu mais de 2,5 mil toneladas. Como a produção está em constante crescimento, a empresa triplicou a capacidade de tratamento destes resíduos verdes e, por ano, vai passar a tratar mais de sete mil toneladas. Tudo graças ao investimento de cerca de um milhão e setecentos mil euros na nova linha de triagem automática que é apresentada hoje, nas instalações em Gondomar, com a presença do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro.
"A nova unidade de triagem tem a capacidade automática de separar os resíduos. Além de ser mais rápido, será um trabalho menos exigente", referiu o presidente do Conselho de Administração da Lipor, José Manuel Ribeiro.
Depois da separação automática, o lixo ainda passa por um tapete, onde os trabalhadores fazem uma segunda revisão manual, o que contribui para uma separação mais minuciosa. O investimento, financiado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), baseia-se na modernização de um serviço que começou há 19 anos e que agora "vai permitir melhorias em todos os níveis", referiu José Manuel Ribeiro.
Antes, o processo era mais manual e obrigava, por exemplo, à permanência dos trabalhadores durante 24 horas. Mas, com o novo equipamento tecnológico, a tarefa dos triadores é facilitada e mais segura. A separação é agora feita por três funcionários, metade do que era a necessidade de mão-de-obra anteriormente. Além disso, a carga horária também muda: "Esta linha agora trabalha sete horas diárias, sem ser todos os dias da semana", completou José Manuel Ribeiro.
É através do tratamento dos restos verdes, mas também alimentares, que a Lipor faz o corretivo orgânico (adubo) Nutrimais. Neste momento, produz cerca de 13 mil toneladas por ano. Além de esperar que este número aumente, a empresa também prevê que a nova unidade contribua para melhorar a qualidade do produto, uma vez que haverá uma maior pureza dos resíduos triados.
A entrega dos resíduos vai continua a ser feita por cada um dos oito municípios associados.
Crescimento gradual
Em 2022, foram recebidas, no total, 2672,87 toneladas de resíduos. Deste número, apenas 308,63 toneladas não foram aproveitadas.
De acordo com os registos de receção anuais da Lipor, desde 2004 que os resíduos verdes provenientes de cemitérios têm aumentado gradualmente.
Mas estes valores ainda pecam por escassos, reconhece o presidente da Lipor: "O lixo existe. Nós é que não tínhamos ainda a capacidade para trazê-lo para cá. Nós estamos a conseguir captar mais e percebemos que ele existe. O objetivo é trazer o máximo possível".
Com a aposta na sensibilização mais direcionada, há previsão para que os desperdícios nos cemitérios do Grande Porto registem um crescimento de aproximadamente 30% este ano.
Mudança de comportamentos
Mas o tratamento é uma resposta ao excesso de resíduos que são produzidos e é dessa forma que este investimento "não reflete aquilo que seria o ideal para o ambiente". "A prevenção deveria ser o mais importante. Num mundo ideal, deveríamos produzir o mínimo possível e também poupar as matérias-primas. Estamos a falar de cultura e de uma mudança comportamental", sublinhou o presidente da Lipor.
A saber
Há 19 anos
Em 2004, a Lipor lançou o projeto único no país que consiste na separação de lixo proveniente de cemitérios. Após o tratamento, os resíduos são transformados em composto, que serve a agricultura biológica.
Biorresíduos
A Lipor também vai construir uma nova central de valorização orgânica, duplicando a capacidade atual. Receberá 120 mil toneladas de biorresíduos (verdes e alimentares).